O vice-primeiro-ministro grego e chefe da diplomacia, Evangelos Venizelos, disse em entrevista à Lusa que o Partido Socialista enfrentou em Portugal uma situação “mais fácil” durante os anos de crise, mas sempre de solidarizou com o seu homólogo Pasok. “O Partido Socialista em Portugal solidarizou-se com o Partido Socialista Pan-Helénico (Pasok) porque ambos fazemos parte do Partido Socialista Europeu e também do Parlamento europeu, onde pertencemos ao grupo dos democratas e socialistas”, referiu Venizelos em declarações na sede do ministério dos Negócios Estrangeiros em Atenas, quando a Grécia se prepara para as cruciais eleições legislativas antecipadas do próximo domingo.
Evangelos Venizelos, 58 anos, é o líder máximo do Pasok, que integra desde junho de 2012 o governo de coligação com os conservadores da Nova Democracia (ND), do chefe do governo Antonis Samaras. Vice-primeiro-ministro, ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia e ex-ministro das Finanças, Venizelos é a segunda figura de um executivo que foi responsável pelas negociações com a troika de credores internacionais, que concederam dois empréstimos ao país do sul dos Balcãs (240 mil milhões de euros) em troca de duras medidas de austeridade.
Após se ter revezado no poder durante cerca de 35 anos com os seus rivais conservadores da ND, o Pasok luta agora pela sobrevivência política e diversas sondagens indicam que pode não conseguir ultrapassar a barreira dos três por cento de votos, que garante representação parlamentar, nas legislativas antecipadas de domingo.
“O conceito de solidariedade é o denominador comum da existência do movimento socialista europeu, mas a diferença é que entre o período muito difícil do ajustamento da economia grega, o Pasok foi o único partido [socialista] no poder, e nessa perspetiva pagámos o preço da nossa responsabilidade”, assinalou. “As oposições são sempre mais seguras para qualquer partido do que o governo durante o período de crise e também de aplicação do chamado memorando”.
Ao pronunciar-se sobre a “saída limpa” de Portugal do programa de resgate financeiro, sem programa cautelar, anunciada no início de maio pelo primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho, o responsável grego argumentou que a situação de cada país não se pode resumir a “dados ou progressos macroeconómicos”.
“Do ponto de vista científico e técnico os elementos fundamentais da economia grega são melhores que os elementos fundamentais da economia nacional de Portugal. Mas a diferença crítica e o ponto crítico, é sempre o cenário político, a atmosfera política”. “É a existência, ou não, de um consenso nacional mínimo sobre o destino e o futuro do país. Nesta perspetiva, a situação em Portugal é obviamente melhor que a grega”.
Uma diferença decisiva e que terá marcado o destino dos governos de Lisboa e de Atenas, e o futuro político dos seus dirigentes. Para as eleições antecipadas de domingo, as sondagens apontam para a vitória do partido de esquerda anti-austeridade Syriza, que continua a garantir uma vantagem de três a quatro pontos percentuais sobre a ND de Samaras. As restantes formações surgem a uma larga distância num escrutínio que voltam a perspetivar uma forte bipolarização política na Grécia, mas onde o Pasok perdeu o protagonismo.