A presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, disse numa entrevista à CNN que quer processar o canal de televisão norte-americano Fox News devido às reportagens feitas por esta estação sobre bairros muçulmanos na capital francesa, depois dos ataques ao jornal satírico Charlie Hebdo e ao supermercado kosher.

“Quando somos insultados penso que temos de processar. Penso que temos de ir a tribunal para que as palavras sejam removidas”, disse Anne Hidalgo no programa da jornalista Christiane Amanpour. A presidente da Câmara de Paris referia-se a peças produzidas pela Fox News que mostravam, na visão do canal, zonas da capital francesa onde se aplica a lei islâmica e que por isso se tornaram interditas à população não-muçulmana, suscitando, inclusive, o receio da polícia, que evita, segundo a televisão, intervir nesses locais.

Para Anne Hidalgo, estas reportagens da Fox News prejudicam “a imagem de Paris”, bem como a sua “honra”, daí a intenção de mover um processo. Horas depois da entrevista de Hidalgo à CNN, a Fox News disse que a ameaça de um processo judicial era “exagerada”. O famoso apresentador do canal conservador Bill O’Reilly considerou as declarações de Anne Hidalgo “ridículas”, reduzindo-as a uma chamada de atenção. “A presidente da Câmara é uma socialista. Os franceses não vêm a Fox News. Isto é apenas uma tentativa de chamar a atenção. Não vai haver processo. É ridículo”, disse, horas depois da entrevista.

Em França, as reportagens da Fox News tornaram-se alvo de sátira, nomeadamente no programa humorístico “Le Petit Journal”. Mas houve outras reações. A Fox News não se ficou por França e apontou outras supostas zonas interditas a não-muçulmanos em outros países da Europa, como no Reino Unido, apontando a cidade de Birmingham como uma zona totalmente habitada por muçulmanos. O primeiro-ministro britânico David Cameron reagiu desta forma a esse segmento: “Quando ouvi isto quase me engasguei. Depois pensei que devia ser dia das mentiras”.

No sábado, a Fox News pediu desculpa pelas reportagens, admitindo não haver razões para se acreditar que tais zonas existam e pedindo desculpa pelo erro.

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