O secretário-geral do PS disse esta quinta-feira, em Bruxelas, que subscreveria a carta aberta sobre a Grécia dirigida por 32 figuras públicas ao primeiro-ministro, pois isolar a Grécia é “uma ideia errada” e o Governo tem “persistido” nesse erro.
À saída de uma reunião de líderes dos Socialistas Europeus, que antecede o Conselho Europeu desta tarde em Bruxelas, António Costa, questionado sobre se subscreveria a carta aberta, respondeu que “sim, com certeza”, pois “é fundamental que não se isole a Grécia”.
“A ideia de diabolizar a Grécia e de isolar a Grécia é uma ideia errada e perigosa”, disse, considerando que o alinhamento com Berlim “é um erro persistente que o Governo português tem feito, com a fé que tem de que da austeridade vai resultar o crescimento”.
Segundo o líder do PS, a resposta “deve centrar-se numa resposta positiva às situações de catástrofe social que se vive em vários países como os que tiveram programas de ajustamento, como a Grécia, Espanha”.
Sobre Portugal, disse que “a pobreza atingiu níveis insustentáveis e precisa de resposta”, defendendo “um programa de fisioterapia para recuperar do trauma do ajustamento”.
PS à espera de resposta de Passos à carta
O líder parlamentar do PS está à espera de uma resposta de Passos Coelho à carta hoje enviada ao primeiro-ministro por um conjunto de 31 personalidades. “Todas as cartas costumam ter resposta”, disse Eduardo Ferro Rodrigues à saída de uma reunião do grupo parlamentar socialista, onde a postura de Portugal na União Europeia face à Grécia foi um dos temas centrais.
Questionado pelos jornalistas sobre a carta hoje tornada pública, e na qual Ferro Rodrigues é um dos subscritores, assim como vários outros socialistas (incluindo Carlos César, presidente do partido) e políticos afetos à maioria mas críticos do Governo, o líder da bancada do PS afirmou que não sabe como o primeiro-ministro responderá à missiva, mas espera que o faça de forma “elegante”.
“Às vezes [Passos Coelho] não escolhe a forma mais elegante para responder”, disse Ferro Rodrigues, apelando para que “desta vez” o faça pelo menos com uma postura “mais elegante” do que a que o Governo adotou ontem na reunião do Eurogrupo em Bruxelas.
A questão central, segundo o socialista, é a “atitude incompreensível” que Portugal está a ter no seio da União Europeia. Tal como a ideia defendida na referida carta ao primeiro-ministro, Ferro sublinhou aos jornalistas que o Governo português devia olhar com outros olhos para a nova situação na UE desencadeada pela atitude do povo grego. “O país podia aproveitar o choque que está a haver na União Europeia para se pôr ao lado de quem se está a bater pelo crescimento económico em vez da manutenção da austeridade”, disse.
Na carta, assinada por 31 personalidades, pode ler-se um apelo ao primeiro-ministro para que não ignore a “grave crise humana que se vive na Grécia” e, nesse sentido, para que não continue a defender que a política de austeridade prosseguida até agora se deva manter inalterada. “Portugal deve favorecer uma Europa que não seja identificável com um discurso punitivo mas com responsabilidade e solidariedade, que não humilhe estados-membros mas promova a convergência, que não destrua o emprego e as economias mas contribua para uma democracia inclusiva”, lê-se.