A atividade económica terá acelerado em fevereiro ao ritmo mais rápido dos últimos sete meses, a julgar por um dos indicadores avançados mais importantes e mais seguidos de perto pelos investidores: os índices de gestores de compras, ou PMI (purchase managers index), na sigla anglo-saxónica. O indicador sugere que a descida dos preços do petróleo e a desvalorização do euro causada pelos estímulos monetários inéditos lançados pelo Banco Central Europeu (BCE) estão a ser um incentivo importante para a economia da zona euro, apesar da incerteza gerada pelo impasse em torno da Grécia.
Uma sondagem da consultora londrina Markit, que é feita junto de empresários das oito maiores economias da zona euro, indica que a atividade económica acelerou em fevereiro tanto no setor industrial como nos serviços. O índice PMI compósito (que inclui, então, bens e serviços) subiu para 53,5 pontos em fevereiro, contra os 52,6 pontos em janeiro. Um valor acima de 50 pontos indica uma expansão da atividade, ao passo que uma leitura abaixo desse patamar sinaliza potencial para uma contração da atividade.
O valor indica que a economia da zona euro deverá crescer no primeiro trimestre ao mesmo ritmo em que cresceu no último trimestre de 2014 – 0,3% –, mas é um bom prenúncio para a retoma da zona euro, que há vários trimestres consecutivos se revelou ser mais frágil e limitada do que desejariam os líderes políticos europeus. O índice saiu acima das estimativas dos economistas consultados pela Bloomberg, que apontavam para uma leitura na ordem dos 53 pontos. A atividade nos serviços, em particular, ficou bem acima do esperado.
“Imune à crise que está a verificar-se na Grécia, o crescimento económico está a ganhar ímpeto e parece caminhar para acelerar mais nos próximos meses”, escreve Chris Williamson, o economista-chefe da Markit, a consultora que elabora a sondagem. “Com a bazuca do BCE a arrancar em março, o otimismo dos empresários acelerou para o nível mais elevado dos últimos três anos e meio”.
Ainda assim, o especialista destaca que a retoma está a ser “desnivelada”, “muito dependente do crescimento nos serviços, que estão a beneficiar da descida dos preços e do aumento do consumo”. Chris Williamson diz que continua a “fraqueza na atividade industrial, o que é uma grande preocupação”.