A atividade económica no setor privado na zona euro acelerou mais do que o previsto em dezembro e a confiança dos investidores alemães melhorou pelo segundo mês consecutivo. São duas boas notícias divulgadas no mesmo dia, esta terça-feira, que criam algum otimismo em torno das perspetivas para a economia da zona euro à entrada em 2015. Um fator crucial para que acelere o crescimento da economia portuguesa e se consiga atingir o aumento de 1,5% do produto interno bruto previsto no Orçamento do Estado para o próximo ano.

O índice de gestores de compras (PMI) medido pela consultora Markit melhorou em dezembro para 51,7 pontos, acima dos 51,1 pontos do mês anterior. Este indicador, que coloca em 50 pontos a fronteira entre contração e expansão da atividade, é um dos dados avançados mais importantes para os investidores europeus para detetar tendências futuras para o crescimento.

A leitura dos PMI está longe de poder considerar-se entusiasmante, até porque a maioria dos empresários inquiridos não espera uma “aceleração significativa” da atividade nos próximos cinco meses, mas o aumento acabou por superar as expectativas dos economistas. “O dado indica que a recuperação económica moderada continua na zona euro, ao mesmo tempo que o risco de deflação não desapareceu“, escreve o economista Peter Vanden Houte, do banco holandês ING, em nota enviada aos clientes e a que o Observador teve acesso.

Também esta terça-feira, o instituto de pesquisa alemão ZEW indicou que a confiança dos investidores daquele país disparou de 11,5 pontos em novembro para 34,9 pontos em dezembro. Foi a segunda subida consecutiva e também superou a projeção média dos economistas, que apontava para um aumento para os 20 pontos.

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“A confiança na economia alemã parece estar lentamente a regressar entre os especialistas nos mercados financeiros consultados pelo ZEW”, afirmou o presidente do instituto alemão. O responsável justifica o aumento com “condições económicas favoráveis como o euro fraco e a descida do preço do crude”, um enquadramento que “pode alterar-se no curto prazo, penalizando o otimismo que se vive atualmente”.

Além da desvalorização do euro, que face ao dólar está em mínimos de dois anos, e da queda do preço do crude, que desceu esta terça-feira a mínimos de 2009, a atividade económica e a confiança dos investidores poderá estar também a ser impulsionada pela conclusão da avaliação do BCE à qualidade dos ativos da banca e os testes de stress. Uma vez concluído esse exercício, acredita-se que os bancos poderão estar em melhores condições para aumentar a concessão de crédito.

Além disso, os economistas admitem algum efeito positivo das medidas de estímulo já lançadas pelo BCE, que envolvem a compra de dívida privada no mercado, e também a perspetiva de mais iniciativas pelo banco central no combate ao risco de deflação na zona euro. É da evolução dos dados económicos que dependerá a decisão do BCE de avançar, ou não, com um programa de compra generalizada de ativos incluindo dívida pública.