O sul-africano Trevor Noah foi indicado, esta segunda-feira, como o sucessor do trono que Jon Stewart, ainda apresentador do programa humorístico The Daily Show, vai deixar vazio. Horas depois de o anúncio oficial ser posto a circular na imprensa internacional, Noah foi alvo do escrutínio coletivo da Internet, com membros de uma potencial audiência a debruçarem-se sobre as suas contas nas redes sociais. E é assim que o comediante de 31 anos se vê envolvido numa primeira polémica, ainda a notícia da promoção é fresca.

Os culpados são os tweets que Trevor Noah publicou no seu perfil e que estão a ser considerados ofensivos para com mulheres e judeus. Na rede social em causa, cuja conta foi criada em 2009, o comediante acumula cerca de 2 milhões de seguidores e uma mão cheia de comentários mais e menos irreverentes, com piadas que, diz o The New York Times, testam as fronteiras daquilo que é (ou não) socialmente aceite.

É o caso de um tweet escrito em 2011, com a frase “Oh, que bom, o fim de semana. As pessoas vão ficar bêbedas e pensar que são sexy” atribuída a fat chicks everywhere (“miúdas gordas em todo o lado”). Noutro post lê-se “Quando uma mulher é amada corretamente, ela torna-se dez vezes na mulher que era antes. Então, fica gorda?”. Num mesmo registo estão comentários relacionados com os judeus, tal como este de 2009: “Quase atropelei um rapaz judeu que estava a passar a rua. Ele não olhou antes de atravessar, mas eu ter-me-ia sentido tão mal no meu carro alemão!”.

https://twitter.com/Trevornoah/status/490055703898632192

https://twitter.com/Trevornoah/status/4081446354


O conjunto de tweets foi o suficiente para que a publicação The Daily Caller colocasse a seguinte pergunta: “O novo apresentador do The Daily Show é anti-Israel?”. Também o site Vox aborda a questão ao escrever que a linha entre algo divertido e ofensivo é muito ténue e que Noah está do lado errado dessa mesma linha.

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“Trevor Noah é um bom comediante”, afirma Kelsey McKinney, da Vox, não sem antes tecer duras críticas: “As suas piadas são ofensivas porque são o reflexo de culturas que são oprimidas e privilegiadas — e, em vez de ser crítico dessas construções sociais, as piadas reforçam-nas. As piadas implicam que é aceitável — e até divertido — depreciar homossexuais, gordos e judeus.”

A polémica em questão já fez com que muitos utilizadores da rede social, incluindo a Liga Anti-Difamação, se tenham servido da respetiva plataforma para mostrar o seu descontentamento, tal como diz a CNN.

https://twitter.com/mtmotsisi/status/582910541041135616

https://twitter.com/_misseleneous/status/582893692903505920
O sucedido não abona a favor de Noah que, apesar de já ter feito espetáculos de stand up comedy por todo o mundo e de ter brilhado em telenovelas sul-africanas, continua a não ser um nome muito conhecido entre os norte-americanos. A somar a isso está o facto de ter aparecido apenas por três vezes no programa satírico de notícias antes de ser convidado para a posição de apresentador.