Em ano de eleições, Mariano Rajoy está a dar o tudo por tudo em Espanha para recuperar nas sondagens e promete agora tomar mais atenção às medidas sociais, depois da derrota do partido nas eleições de Andaluzia. Por cá, o cenário começa a parecer o mesmo. O PSD lembra o Programa de Emergência Social e a ministra das Finanças já admite a revisão do salário dos funcionários públicos. Mas o pelouro social tem sido bandeira de António Costa, que já defendeu uma espécie de CSI para crianças desfavorecidas.

No mês passado, o PP espanhol viveu uma derrota eleitoral na Andaluzia que fez soar as campainhas de alarme no partido, que continua atrás do Podemos nas sondagens e que está a ver os Ciudadanos a subir e a entrar pelo eleitorado do PP adentro. Os barões do partido não gostaram da derrota e Rajoy mostrou a estratégia para recuperar eleitorado descontente: mais medidas sociais. De acordo com o El País, Mariano Rajoy vai apresentar novas medidas no plano social para que a tão falada “recuperação económica” chegue a todos os espanhóis.

Na lista das promessas de Rajoy para este fim de mandato estão várias alterações legislativas entre elas:

  • Lei da família, tem como objetivo ajudar famílias;
  • Lei da igualdade salarial – O Governo ainda não decidiu se vai apresentar antes ou depois das eleições municipais e autónomas em Maio;
  • IVA Cultural – Rajoy estuda a possibilidade de baixar o IVA para as atividades culturais;
  • Lei do aborto – O PP quer mexer nos prazos e na forma de decisão de aborto para as mulheres entre 16 e 18 anos, mas entretanto suavizou a proposta.

De acordo com o jornal espanhol a intenção é óbvia: evitar o descalabro das eleições de maio e preparar o caminho para as legislativas do final do ano.

Por cá, o Governo tem optado por não lançar mais medidas de austeridade neste último ano e no discurso dos últimos tempos, os social-democratas têm insistido em valorizar o trabalho na área social ao longo dos anos do programa de ajustamento. Foi isso, por exemplo, que fizeram no último tempo de antena com o tema “mais coesão e justiça social” em que em vez de analisar o cenário macroeconómico dos últimos anos – como aconteceu em tempos de antena anteriores – salientaram os dados do Programa de Emergência Social (PES que terá custado cerca de 983 milhões de euros). Além disso foi a própria ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que disse em entrevista ao jornal Sol que em abril o Governo irá decidir sobre a devolução dos cortes de ordenado aos funcionários públicos. Uma medida a que o Governo está obrigado uma vez que, de acordo com a decisão do Tribunal Constitucional, os cortes apenas poderão vigorar como estão este ano. Para 2016 terão de ser redesenhados.

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Há pelo menos uma diferença em relação a Espanha: por cá, o PSD vangloria-se dos programas de ajuda social que têm desenvolvido ao mesmo tempo que Passos Coelho recusa mais apoios sociais. Quando o líder do PS, António Costa lançou a ideia nas jornadas parlamentares de criar um apoio social para crianças desfavorecidas – uma espécie de CSI para as crianças – e o primeiro-ministro recusou de imediato dizendo que era preciso saber onde retirar o dinheiro.