797kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Troika afastou mais os portugueses das urgências hospitalares

Este artigo tem mais de 5 anos

Em 2013 houve menos 354.825 atendimentos nas urgências dos hospitais públicos do que em 2010. Já no privado, mesmo com mais oferta, o ritmo do aumento da procura abrandou.

Urgências nos hospitais públicos caíram no conjunto dos três anos. Nos privados continuaram a subir, embora a um ritmo menor
i

Urgências nos hospitais públicos caíram no conjunto dos três anos. Nos privados continuaram a subir, embora a um ritmo menor

© Hugo Amaral/Observador

Urgências nos hospitais públicos caíram no conjunto dos três anos. Nos privados continuaram a subir, embora a um ritmo menor

© Hugo Amaral/Observador

A degradação da economia portuguesa e a chegada da troika, na primavera de 2011, terão sido os principais responsáveis pelo afastamento dos portugueses das urgências hospitalares nos anos mais recentes. Em 2013 registaram-se 7.181.100 atendimentos nas urgências (em hospitais públicos e privados), menos 354.825 atendimentos (-4,7%) quando comparado com o ano de 2010. E embora a quebra tenha ocorrido nos hospitais públicos, a verdade é que também nos hospitais privados houve um abrandamento da procura, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na véspera do Dia Mundial da Saúde.

Nos hospitais públicos – que são responsáveis por 87,6% dos atendimentos – registaram-se, em 2013, 6.290.509 atendimentos urgentes, menos 488.423 do que em 2010. Se ao invés disso recuarmos dez anos, a quebra é de 524.828 atendimentos, o que confirma o acentuar da queda nas idas às urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde nos últimos três anos, até 2013. Entre 2003 e 2010 a quebra foi de 0,5% – e com muitas oscilações de ano para ano -, de 2010 para 2013, a descida agravou-se para os -7,2%, sendo que em 2013 já subiu muito ligeiramente.

A contribuir para esta tendência esteve, por um lado, a crise, e, por outro, a chegada da troika – que trouxe um aumento das taxas moderadoras. De lembrar que em 2012 um serviço de urgência polivalente passou de 9,60 euros para 20 euros, as urgências básicas e a urgências médico-cirúrgicas passaram de uma taxa moderadora de 8,60 euros para 15 euros e 17,5 euros, respetivamente. Em 2013 e em 2014 estes valores voltaram a ser atualizados, embora com uma subida muito menos expressiva.

(O gráfico que se segue é interativo. Passe com o rato por cima para ver os valores)

Já olhando para os hospitais privados, verifica-se que a procura continuou a aumentar, tendo-se registado, em 2013, 890.591 atendimentos urgentes. Se comparado este dado com o que se passava há dez anos, o número cresceu 88% (ou seja, quase que duplicou), mas se a referência para a comparação for o ano de 2010 esse crescimento foi de 17%, confirmando-se o abrandamento da procura.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

À exceção do ano de 2010, o número de atendimentos no privado esteve sempre a crescer ao longo da década, o que pode ser explicado em grande parte devido ao aumento da oferta e do número de portugueses com seguro de saúde.

Dez anos. Mais 22 hospitais

Em 2013 havia 107 hospitais privados, pouco menos do que os 119 públicos. Mas nem sempre foi assim. Dez anos antes a diferença era mais vincada: 89 hospitais privados para 115 públicos. Por isso se pode concluir que a última década foi de crescimento para o setor privado da saúde, que tinha em 2013 mais 18 hospitais do que em 2003. No caso dos hospitais públicos houve um aumento de quatro unidades.

Mais hospitais privados refletiram-se naturalmente em mais camas de internamento no setor privado da saúde na última década. Abriram mais 1.776 camas, tendo os hospitais privados, em 2013, 10.474 camas de internamento. Contudo, esse exercício lógico não se aplica ao setor público. Mesmo com mais quatro hospitais, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tinha, em 2013, menos 3.732 camas, sendo que só nos últimos três anos perdeu 1.019 camas. 

Essa evolução ficou a dever-se a orientações do Ministério da Saúde que tem justificado essa opção com a aposta no serviço de ambulatório (cirurgias com período de internamento muito mais curto). E por falar em internamentos, nos dez anos passados entre 2003 e 2013 registaram-se menos internamentos no Serviço Nacional de Saúde e mais no privado, contudo, se limitarmos a análise aos últimos três anos estudados a quebra verificou-se tanto no setor público (-2,8%) como no setor privado (-3%), segundo o INE.

Em 2013 foram ainda realizadas 17,6 milhões de consultas médicas nas consultas externas dos hospitais, 70,9% das quais em hospitais públicos. Este indicador tem vindo sempre a subir na última década, sobretudo nos hospitais privados onde as consultas externas mais do que duplicaram, e essa tendência nem se inverteu no período da troika, embora o ritmo de crescimento tenha abrandado.

Número de centros de saúde manteve-se estável. Urgências caíram em flecha

Ainda de acordo com os dados do INE, em 2012 existiam em Portugal 387 centros de saúde, o equivalente a 3,7 centros de saúde por 100 mil habitantes. Desses, 94 centros de saúde tinham serviço de urgência básica ou serviço de atendimento permanente ou prolongado, menos 200 do que dez anos ante, e 17 tinham internamento.

Precisamente devido ao encerramento de serviços de urgência e atendimento permanente, houve uma quebra de mais de 70% nos atendimentos urgentes na última década. Também as consultas sofreram uma quebra de cerca de 7%, tendo sido realizadas em 2013 26,3 milhões de consultas médicas nos centros de saúde e 2,6 milhões de visitas domiciliárias.

Olhando para o mapa de pessoal ao serviço dos centros de saúde, em 2012, este era composto por 7.423 médicos, 8.889 enfermeiros, 1.067 técnicos de diagnóstico e terapêutica e 889 técnicos superiores.

(Os gráficos que se seguem são interativos. Passe com o rato por cima para ver os valores)

Texto: Marlene Carriço

Infografia: Milton Cappelletti

Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Vivemos tempos interessantes e importantes

Se 1% dos nossos leitores assinasse o Observador, conseguiríamos aumentar ainda mais o nosso investimento no escrutínio dos poderes públicos e na capacidade de explicarmos todas as crises – as nacionais e as internacionais. Hoje como nunca é essencial apoiar o jornalismo independente para estar bem informado. Torne-se assinante a partir de 0,18€/ dia.

Ver planos