Para ela, ir à escola era um pesadelo. Almoçava sempre sozinha. Estava acompanhada, sim, mas pelo burburinho e pelos risos dos outros jovens. “Eu perdi muitos amigos. Tem sido um inferno”, explicava Taylor Alesana, de 16 anos. Ela nasceu rapaz mas sentia-se rapariga. Taylor acabou por suicidar-se.

A jovem transgénero tinha optado por, além de ser menina, parecer menina, mas cansou-se de sofrer bullying constante e decidiu recuar. No vídeo “Update! *Sad*”, Taylor começa por dizer: “Olá Youtube. Sei que não é assim que me costumo apresentar, mas de seguida vou explicar porque é que estou a fazer isto”. Taylor ficou conhecida pelos tutoriais que publicava no Youtube sobre maquilhagem e, naquele momento, estava com a cara limpa.”Vivi umas semanas muito duras”, explicava. “Tive de voltar ao meu armário e vestir-me como rapaz, tive de cortar as unhas e cortar o cabelo. Fiz isto para a minha proteção. Fui muito gozada”. Mas a cedência não foi suficiente para que a pressão terminasse.

Taylor estudava no liceu de Fallbrook, na Califórnia (EUA). A família não adianta pormenores sobre a morte. Sabe-se apenas que aconteceu a 2 de abril e que o seu caso vem subir para sete o número de suicídios de jovens transgénero registado nos EUA desde o início do ano até agora, realça o Daily Mail.

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A jovem frequentava o Centro LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Questioning – à descoberta) de San Diego, na Califórnia. Segundo o responsável, Taylor “dava muito apoio aos outros jovens transgénero”, mas a “escola não tomou os passos necessários” para evitar o bullying, aponta Max Disposti. “A pior coisa que se pode fazer é dizer nada, e foi isso que aconteceu aqui”, acrescenta.

A hashtag #HerNameWasTaylor (O nome dela era Taylor) está a ser usada pelos utilizadores no Twitter a acompanhar mensagens de lamento por Taylor ter posto fim à vida. Uma utilizadora pergunta: “Quantas mais pessoas bonitas vamos ter de perder para que a sociedade perceba o que lhes está a fazer…”

https://twitter.com/thisaintastump/status/586577168689451009

Ainda durante esta semana Obama pediu o fim das chamadas “terapias de conversão” para homossexuais e transgénero. Numa nota publicada no site da Casa Branca, a administração Obama admite que o texto vem na sequência do suicídio em dezembro de uma jovem transgénero, Leelah Alcorn, que estava a seguir “terapia religiosa” para ficar curada e voltar a ser um menino. Valerie Jarrett, conselheira de Obama, dizia: “Foi um acontecimento trágico, mas (…) não é só a história de uma jovem. É a história de inúmeros jovens que são sujeitos a isto”.

À ABC James Garbarino, professor de Psicologia na Universidade de Loyola em Chicago, afirmou que os estudantes transgénero estão hoje “na mesma situação em que estavam os gays e lésbicas há dez ou vinte anos” no que toca à perseguição e à discriminação. “O que motiva tudo isto – seja género, raça ou classe – é o modo a sociedade vê estes temas”, conclui o psicólogo.