Chegar até ao último modelo para as notas da moeda única europeia não foi tarefa fácil e exigiu muita arte e engenho. O processo, que envolveu todos os estados-membros da União Europeia, demorou dez anos. Havia muito para discutir: as cores, as dimensões, a legibilidade, os símbolos. As notas do euro deviam agradar a toda a gente.
As histórias desta negociação foram compiladas em “Os Primeiros Euros” pelo antigo diretor de notas Antti Heinonen, em nome do Banco Central Europeu. A construção da nota única começou durante os anos 1990. E isto aconteceu ainda antes do Tratado de Maastricht, que oficializou a existência da União Europeia e lançou as primeiras bases para a moeda única, ter sido assinado. O El País conta a história.
A primeira decisão foi a de que as sete notas de euro deviam ser iguais em todos os países, ao contrário da moeda personalizada por cada nação. Como um dos princípios da União Europeia era a livre circulação de pessoas e bens, as notas vinham significar a união e o espírito visionário.
Mas era preciso juntar o útil ao agradável: além da importância estética, as notas deviam ser feitas de materiais não contaminantes e a produção devia ser a mais barata e segura possível. O tamanho devia ser estudado de modo a ser prático no quotidiano e os carateres tinham de ser legíveis em qualquer idioma.
Todos os bancos centrais dos doze membros da União Europeia puseram os melhores especialistas ao trabalho. Uma questão tão simples como as dimensões das notas podia tornar-se essencial na vida de muita gente: como podiam os cegos distinguir uma nota de vinte euros e outra de cinquenta?
A situação foi mais problemática do que se pode imaginar: alguns países diferenciavam as notas próprias com tamanhos muito diferentes, enquanto noutros as notas tinham dimensões iguais em todos os valores. Ao fim de algum tempo, chegou-se a acordo: a nota mais pequena seria de 12 x 6,7 centímetros e as notas mais altas (100, 200 e 500 euros) teriam todas o mesmo tamanho. Desta forma garantia-se a eficiência da impressão e a simplificação da tecnologia usada.
A questão mais fulcral era o simbolismo: a nota não devia incluir imagens típicas de apenas um dos países europeus. Era importante preservar o princípio da unidade. Entre muitas propostas, a vencedora pertence a Robert Kalina: o artista gráfico decidiu destacar as personagens mais ilustres da História. E atrás delas figuravam monumentos que, embora abstratos, faziam lembrar o futuro e a relação com o mundo. As notas foram impressas. E depressa apareceram pessoas que diziam reconhecer os monumentos.
Mas como se decidiram as cores para cada um dos sete valores possíveis? Jaap Bolten chegou com a solução: recorrer à roda cromática de Newton. As notas de valores mais comuns – dez, vinte e cinquenta – deviam receber as cores primárias: vermelho, azul e amarelo, respetivamente.
As notas mais altas seriam pintadas com cores secundárias, sendo que a nota de 500 euros devia receber a cor mais distinta. A nota de cem recebeu então a cor oposta à vermelha dos dez euros, enquanto a nota de duzentos recebeu a cor oposta à nota de vinte euros. Entretanto, a cor da nota de cinquenta escureceu: como era utilizada com regularidade, o amarelo podia desvanecer-se rapidamente. Em contrapartida, a nota de 200 tornou-se amarela. O valor de cinco euros merecia uma cor neutral e discreta, e a nota ficou cinzenta.
Nasceram assim as primeiras notas únicas. Mas a moeda continuou a evoluir. Em 2013, as notas de Euro sofreram alterações: nelas figura agora a princesa Europa. Na mitologia grega, Europa foi levada por Zeus para Creta, onde a princesa acabou por se apaixonar pelo deus supremo e de quem teve três filhos. Além disso, os idiomas da palavra “euro” foram atualizados, bem como o mapa da União, de acordo com as novas entradas na União Europeia.