O Estado português emitiu esta quarta-feira dívida pública a três meses com uma taxa de 0,007%, juntando-se ao grupo de países que estão a beneficiar das medidas de estímulos monetários para se financiarem às taxas mais baixas de sempre, em cada vez mais casos taxas negativas. Também esta manhã, a Grécia financiou-se a três meses a uma taxa de 2,7%.

O Tesouro emitiu 300 milhões de euros em dívida a três meses, a um preço que pressupõe que quando os investidores forem reembolsados, em julho, receberão praticamente o mesmo do que acabaram de acordar emprestar ao Estado português. O IGCP, a agência que gere a dívida pública portuguesa, emitiu, também, 950 milhões de euros em títulos a 11 meses, emissão em que a taxa desceu para os 0,015%.

O montante indicativo nesta operação, comum aos dois leilões, ia de 1.000 a 1.250 milhões de euros, pelo que foi totalmente obtido. A procura superou em 4,62 vezes a oferta no prazo mais curto e em 1,68 vezes no prazo mais longo.

Na última emissão a três meses, a 18 de fevereiro, o Estado português financiou-se a uma taxa média de 0,061%. Em novembro, o custo tinha sido de 0,156%, o que ilustra a descida recente dos juros da dívida em todos os prazos. No prazo mais longo, a última emissão comparável foi em fevereiro, altura em que o país pagou 0,138% para se financiar a 12 meses.

Com o plano de expansão monetária em curso e com o BCE a cobrar pelos depósitos no banco central – a chamada taxa dos depósitos está em -0,2% –, os custos de financiamento de vários países (e em prazos cada vez mais alargados) estão a descer para terreno negativo. Um aparente paradoxo sobre o qual o Observador se debruçou recentemente no trabalho “Taxas negativas. Porquê emprestar a um país e perder dinheiro?“.

“Continuamos a bater recordes”, diz Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, em nota enviada às redações. “Estas taxas são, novamente, mínimos históricos, com Portugal a beneficiar largamente do plano de compra de dívida por parte do BCE”, nota o especialista, salientando que “0 país está a conseguir financiar-se a taxas muito próximas do zero, o que são sempre boas notícias para as finanças públicas”.

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