O rei zulu Goodwill Zwelithini rejeitou o incitamento à xenofobia na África do Sul, depois de ter sido acusado de provocar a onda de violência contra estrangeiros, incluindo moçambicanos, que já fez sete mortos e milhares de deslocados.
“Esta violência direta contra os nossos irmãos e irmãs é vergonhosa”, disse Zwelithini durante uma reunião tribal em Durban.
O líder zulu fez um discurso inflamado em março, culpando os imigrantes pelo aumento da criminalidade e dizendo que deveriam deixar o país, numa intervenção que foi vista como um estímulo à onda de ataques contra cidadãos do Zimbabué, Somália, Malaui, Moçambique e outros.
Três moçambicanos morreram vítimas de xenofobia na África do Sul desde que os ataques contra estrangeiros eclodiram no país, levando igualmente à fuga de cerca de 600 moçambicanos para centros de refugiados, dos quais 107 já regressaram a Moçambique, devendo mais 400 regressar na terça-feira.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apelou hoje ao Governo sul-africano para desencadear uma ação presencial e imediata contra a violência xenófoba, considerando os ataques “horríveis e chocantes”.
Entretanto, durante a reunião de hoje com milhares de zulus, Goodwill Zwelithini disse que havia sido mal interpretado.
“As minhas palavras (…) foram dirigidas contra a polícia, pedindo a aplicação da lei de forma mais rigorosa, mas estas nunca foram referidas”, disse.
“O público foi instigado para um outro lado do meu discurso, que havia sido distorcido e deturpado”.
As autoridades sul-africanas têm lutado para conter os grupos que em Joanesburgo e Durban estão “a caçar” estrangeiros.
Pelo menos sete pessoas morreram na semana passada e 307 suspeitos foram presos na pior onda de violência étnica desde 2008, quando 62 pessoas foram mortas, principalmente nos bairros de Joanesburgo.