De acordo com um comunicado enviado à agência Lusa, a decisão está relacionada com as justificações do programador cultural para demitir-se do cargo, mas pedindo para continuar até 15 de setembro no Programa Gulbenkian Próximo Futuro, que dirigia desde 2009. No comunicado, a Fundação Calouste Gulbenkian fala em “quebra de confiança institucional”.

Numa resposta enviada à agência Lusa na última semana, Pinto Ribeiro justificava aquele pedido de demissão com “atitudes autoritárias do presidente da FCG, [Artur Santos Silva]”, que considerava “inapropriadas numa sociedade livre e democrática”.

Na altura, a Gulbenkian reagiu, declarando que o programador se tinha demitido a seu pedido, e que a saída tinha sido aceite pelo conselho de administração da entidade. Agora, no comunicado, a Gulbenkian justifica esta rescisão imediata da ligação do programador à entidade por entender que “o teor das declarações configura, para o conselho de administração, uma quebra de confiança institucional que inviabiliza o prosseguimento da relação como coordenador do Programa Gulbenkian Próximo Futuro”. A 24 de abril, Pinto Ribeiro indicou que tinha solicitado a sua saída para 15 de setembro, de forma a concluir a edição deste ano do Programa Gulbenkian Próximo Futuro, que será a última. No início de fevereiro deste ano, a fundação tinha anunciado a nomeação de Pinto Ribeiro, 59 anos, com o objetivo de “conseguir uma crescente articulação entre todas as iniciativas” para os diferentes públicos.

O programador, para justificar a sua demissão, além de apontar as “atitudes autoritárias” de Artur Santos Silva, avançava ainda razões relacionadas com o cargo de coordenador geral da FCG para qual tinha sido convidado: “Tratava-se apenas de uma figura de retórica, porque, na verdade, a programação continuou a ser feita até meados de junho de 2017 sem que eu dela tivesse conhecimento (pelos diretores dos outros serviços e aprovada pelo membro da administração responsável)”. Ainda segundo Pinto Ribeiro, “a orientação programática [da FCG} para os próximos anos não é a programação adequada para os tempos e o mundo em que hoje vivemos”.

António Pinto Ribeiro era desde 2004 consultor cultural da Gulbenkian, onde criou o Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística (2004-2008) e a partir de 2009 o Programa Gulbenkian Próximo Futuro, que, segundo a FCG, deverá terminar em 2016.

António Pinto Ribeiro, natural de Lisboa, tem formação académica nas áreas da Filosofia, Ciências da Comunicação e Estudos Culturais, nas quais tem desenvolvido trabalho de investigação e de produção teórica, que tem publicado em revistas da especialidade, tendo exercido as funções de diretor artístico da Culturgest, em Lisboa, desde a criação da instituição, em 1992, até abril de 2004.

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