A ministra das Finanças de Portugal garante que “todos acreditam que é possível ter um acordo com a Grécia” e mostra-se confiante de que as negociações tenham “um resultado positivo”, apesar das “dificuldades que tem havido”. Maria Luís Albuquerque diz que não existe qualquer “Plano B” para a saída da zona euro – algo que seria “preocupante para todos” – porque “quando se começa a falar em planos B eles transformam-se em planos A”. Sobre Portugal, a ministra garante que “a economia está mais robusta” mas que “ainda há problemas a resolver”, já que é preciso baixar impostos e tornar a economia “mais flexível”.

Em entrevista em estúdio à cadeia televisiva do grupo Bloomberg, a ministra das Finanças foi questionada sobre se Portugal tem um “plano B” para o caso de as negociações com a Grécia não chegarem a bom porto. Maria Luís Albuquerque garante que “não temos um plano B”. “Quando se começa a falar em planos B, eles costumam tornar-se o plano A”, atira a ministra sublinhando, portanto, que “o plano A continua a ser manter a Grécia na zona euro e obter um acordo que possa ser aceite pelas duas partes”.

Os entrevistadores insistiram na questão e perguntaram à ministra das Finanças se um incumprimento na dívida grega é inevitável. “Penso e espero que não”, respondeu Maria Luís Albuquerque, lembrando que o que ficou acordado a 20 de fevereiro foi que haveria uma “abordagem ampla”, pelo que “haverá abertura por parte das instituições e do Eurogrupo para ponderar objetivos diferentes, um ritmo diferente para as medidas de ajustamento, tendo em conta os desejos expressos pelo povo e pelo governo gregos”.

O que a Grécia tem de assegurar, contudo, é um “compromisso com algumas reformas chave”. Porque “a questão não é só a Grécia, trata-se das reformas estruturais que têm de ser feitas em vários países europeus e das quais todos beneficiamos”.

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Se a Grécia incumprir com a dívida, o que alguns analistas têm dito que seria o início da saída da zona euro, “ficaríamos preocupados, todos nós”. “Quando o euro foi criado, o cenário de saída da zona euro não foi antecipado por ninguém, não há nada escrito sobre isso”. Daí que “seja muito difícil prever o que pode acontecer”, diz a ministra das Finanças.

Para precaver “quaisquer eventuais desenvolvimentos negativos nos mercados, temos mantido uma almofada de liquidez financeira [no Tesouro público] significativa já há algum tempo”. Então não é isso um plano B? “Não, porque não se trata da Grécia, apenas queremos sentir conforto caso ocorram quaisquer perturbações momentâneas do mercado, seja qual for a sua origem”.

Portugal “continua a ter de resolver alguns problemas”

Maria Luís Albuquerque reconheceu, ainda, que as medidas de estímulo do BCE têm mostrado que “Mario Draghi está a cumprir a sua promessa [feita em julho de 2012] de que faria tudo o que fosse necessário para preservar o euro”. Mas, alerta a ministra das Finanças, “todos os países-membros têm de fazer a sua parte”, com a consolidação orçamental e as reformas estruturais.

E “Portugal continua a ter de resolver alguns problemas e tornar a economia mais flexível”, afirma Maria Luís Albuquerque, defendendo que “é importante que os impostos desçam” em Portugal.

Para já, contudo, a ministra das Finanças diz que “Portugal está no caminho certo”, que “o ajustamento orçamental tem sido bem sucedido” e que “a tendência de descida da taxa de desemprego deverá continuar” já que a “economia está numa situação mais robusta”.