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Ed Miliband
Ed Miliband (45 anos), líder do Partido Trabalhista
Ed Miliband nasceu em 1969, em Londres. Cresceu numa família de imigrantes polacos, ambos judeus que fugiram ao Holocausto. O pai, Ralph Miliband, que morreu em 1994, foi um importante teórico marxista no Reino Unido. A casa dos Miliband era local de várias tertúlias e discussões políticas onde o historiador Eric Hobsbawm era presença assídua. Ed tem um irmão, quatro anos mais velho, David Miliband.
Ed e David protagonizaram um dos episódios mais atribulados da história recente dos trabalhistas, quando ambos concorreram ao cargo de líder do partido em 2010. Ed era a cara de uma corrente mais esquerdista, herdeira de Gordon Brown. David, mais centrista, era próximo de Tony Blair. No final, Miliband venceu à justa, com 50,64% dos votos.
Um das críticas que são feitas recorrentemente a Ed Miliband é que ele é muito indeciso, vacilando na altura de tomar uma posição. Ao Observador, o seu biógrafo Tim Bale, demonstra o lado oposto desta faceta: “Ele é uma pessoa que questiona o que muitos tomam por certezas. Questiona a sabedoria comum. Nas alturas em que pede à sua equipa para pesquisar um assunto para ele depois tomar uma decisão, se não estiver impressionado com o rol de opções que lhe é entregue, manda a equipa pesquisar de novo, até haver novas ideias, mais inovadoras”.
Nicola Sturgeon
Nicola Sturgeon (44 anos), líder do SNP (Partido Nacional Escocês)
Nicola Sturgeon tornou-se ministra principal da Escócia em novembro de 2014 após o seu sucessor e mentor, o carismático Alex Salmond, ter abandonado o posto de líder do governo depois de ter perdido o referendo sobre a independência da Escócia.
Sturgeon nasceu em Irvine, uma povoação no Sudoeste da Escócia com cerca de 40 mil habitantes. Filha de um eletricista e de uma assistente de medicina dentária, Nicola Sturgeon inscreveu-se no SNP aos 16 anos, depois de um professor ter tentado convencê-la a tornar-se militante do Partido Trabalhista. Ainda assim, o maior alvo de Sturgeon sempre foi o Partido Conservador. Margaret Thatcher, primeira-ministra britânica pelos conservadores entre 1979 e 1990, teve um papel importante no seu crescimento político, embora pela negativa: “Odiava tudo o que ela defendia”.
A líder dos independentistas escoceses está prestes a tornar-se na cara do período com mais êxito do partido. Apesar de ter perdido o referendo para a independência escocesa (o “não” ficou-se por 44,7% dos votos), o SNP está agora prestes a ficar com pelo menos 53 dos 59 assentos parlamentares da Escócia. E pode ser decisivo na governação do país.
Ed Balls
Ed Balls (48 anos), ministro sombra das finanças
Ed Balls é o responsável pela pasta das finanças da oposição (a cargo do Partido Trabalhista) desde 2011.
Uma das promessas eleitorais dos trabalhistas nesta campanha foi a de abolir os privilégios fiscais para fortunas estrangeiras, conhecido como non-dom. Este estratagema, fruto de uma amnistia estabelecida em 1799 para pessoas que se mudavam para o Reino Unido para fugir a conflitos armados no seu país de origem, permite que uma pessoa estrangeira viva no Reino Unido ao mesmo tempo que só paga impostos sobre os rendimentos em território britânico. Nesse caso, nenhum dos proveitos que tira fora das fronteiras do Reino Unido é tributado. Roman Abramovitch, presidente do Chelsea Football Club, é um dos privilegiados por esta medida.
Ainda assim, os non-doms têm de pagar uma quantia fixa para terem direito a esta exceção fiscal. Segundo a BBC, estima-se que os cofres britânicos recebam 300 milhões de libras (403 milhões de euros) este ano.
Os trabalhistas também propõem um imposto fixo mensal de 250 libras (336 euros) para os proprietários de casas de valores a partir dos 2 milhões de libras (2,7 milhões de euros) e impostos sobre o rendimento na ordem dos 50% para quem auferir mais de 150 mil libras (202 mil euros) anualmente.
Ed Balls é casado com Yvette Cooper, deputada trabalhista e ministra sombra da administração interna.
Russel Brand
Russel Brand (39 anos), humorista e ativista político
Russel Brand começou por ser conhecido pelo seu trabalho enquanto humorista. Houve também quem desse com ele por se ter casado, e mais tarde divorciado, com a cantora pop Katy Perry. Mas, hoje em dia, Russel Brand é um dos ativistas políticos mais ouvidos no Reino Unido.
Só no Twitter, é seguido por 10 milhões de pessoas. No YouTube, tem mais de 1 milhão de assinantes. É lá que lança os episódios do seu programa Trews, um jogo de palavras que junta “true” (verdade) com “news” (notícias). Foi precisamente para esse programa que fez uma das entrevistas mais badaladas desta campanha, quando chamou Ed Miliband à sua casa.
Russel Brand não é militante de nenhum partido político, mas é conhecido pelos seus ideais de esquerda. Ainda assim, passou grande parte da campanha a dizer que não ia votar — de resto, garante nunca o ter feito em toda a sua vida. Mas, depois de falar com Miliband, mudou de ideias e apelou ao voto nos trabalhistas. “O que eu ouvi o Ed Miliband a dizer é que se nós falarmos, ele vai ouvir”, disse, garantindo mais à frente: “Este gajo vai para o parlamento e este gajo vai ouvir-nos”.
David Cameron
David Cameron (48 anos), primeiro-ministro britânico e líder do Partido Conservador
David Cameron foi eleito em 2010. Na altura, o Partido Conservador ficou em primeiro com 36,1%. Era a primeira vitória dos conservadores desde que Tony Blair foi eleito em 1997. A aritmética obrigou-os a uma coligação com os liberais-democratas. O casamento abanou, é certo, mas não chegou a cair.
Uma das medalhas do Govero de Cameron é a economia. O desemprego está em queda desde 2013 e hoje está nos 5,5%, uma das taxas mais baixas na Europa. Em 2014, o PIB cresceu 2,6%, confirmando o Reino Unido como a economia europeia que mais cresceu no ano passado. Por outro lado, o número de pessoas a trabalhar sem contrato (zero-hour contracts, semelhantes aos recibos verdes) subiu 19% de 2013 para 2014, ano em que havia 697 000 a trabalhar neste regime. São 2,3% da população empregada.
Cameron é o líder do conservador que se mantém na cúpula do partido há mais tempo desde Margaret Thatcher. A “dama de ferro” esteve 15 anos à frente dos tories. Cameron, para já, leva 10 anos no mesmo cargo.
É casado e tem três filhos. Filho de um corretor de bolsa e de uma juíza, Cameron é descendente do rei Guilherme IV. Heptaneto, mais especificamente. Enquanto adolescente, estudou no colégio privado de Eton, tal como outros 19 primeiros-ministros do Reino Unido.
George Osborne
George Osborne (43 anos), ministro das finanças britânico pelo Partido Conservador
George Osborne foi o ministro das finanças do governo liderado por David Cameron e Nick Clegg. Para ser mais preciso, o seu cargo foi o de Chanceler de Exchequer, título oficial dado ao responsável pelas contas do Reino Unido.
Termina o seu mandato com números risonhos. O desemprego é um dos mais baixos da UE (5,5%) e o Reino Unido teve a melhor prestação económica em 2014 na Europa, com o PIB a crescer 2,6%. Ainda assim, o número de pessoas a trabalhar sem vínculo laboral subiu 19% de 2013 para 2014, ano em que chegou se verificaram 697.000 pessoas a trabalhar neste regime, perfazendo um total de 2,3% da população empregada britânica.
Osborne nasceu em Londres e vem de uma família com um passado aristocrata. Estudou em Oxford. É casado e tem dois filhos.
Nigel Farage
Nigel Farage (51 anos), líder do partido UKIP
Nigel Farage é o político eurocético mais bem sucedido do Reino Unido. Fundou o UKIP (United Kingdom Independent Party) em 1993, depois de bater com a porta do Partido Conservador, quando os tories assinaram o Tratado de Maastricht.
Anti-UE e anti-imigração, Farage prima pela controvérsia. Foi a propósito dos estrangeiros no Reino Unido que protagonizou um dos momentos mais polémicos da campanha. “Todos os anos existem 7 mil pessoas que são diagnosticadas com VIH neste país. (60% deles não são cidadãos britânicos”, disse no primeiro debate eleitoral. Os números foram disputados e as reações negativas não tardaram.
O maior triunfo de Farage foi a vitória nas eleições europeias de 2014. O UKIP, que liderou entre 2006 e 2009 e cujas rédeas retomou em 2010, ganhou com 26,6% dos votos. Nestas eleições não terá tanta sorte. As sondagens dão 13% ao UKIP e não mais do que três deputados. A própria eleição de Farage está em risco, que já disse que abandonará a liderança do UKIP se não conseguir entrar no parlamento. “O meu pescoço está em risco”, disse na antevéspera das eleições.
Nigel Farage é casado com uma mulher alemã. Quando lhe apontaram que a mulher dele também é uma imigrante, Farage respondeu que “nenhum cidadão britânico trabalha mais arduamente” do que a sua mulher.
Boris Johnson
Boris Johnson (50 anos), mayor de Londres e hipotético futuro líder do Partido Conservador
Boris Johnson é frequentemente descrito como o bobo da corte da política britânica. Uma vez, dirigiu-se aos eleitores masculinos da seguinte maneira: “Votar nos conservadores vai levar a que a sua mulher fique com os seios maiores e vai aumentar as suas hipóteses de ter um BMW M3”.
Noutra ocasião, disse que era tão provável tornar-se primeiro-ministro como “encontrar o Elvis em Marte ou [ele próprio] reencarnar em forma de azeitona”. A citação é de 2004, altura em que era o ministro sombra para as artes (ou seja, o responsável da oposição, na altura a cargo dos conservadores, por esta pasta).
Desde então, foi eleito mayor de Londres em 2008 e em 2012. De ano para ano, o seu nível de intervenção na política nacional é cada vez maior. Por isso, quando David Cameron disse que, caso ganhasse as eleições, este seria o seu último mandato, muitos olharam para Boris Johnson à espera que ele dissesse alguma coisa.
Durante a campanha, uma jornalista da Sky News foi particularmente insistente a perguntar quais eram os seus planos para as eleições de 2020. Depois de dois minutos a gaguejar — visão rara — Boris Johnson admitiu: “Seria ótimo ser líder dos conservadores”. Mas, logo a seguir, voltou ao ano de 2004 e repetiu que “é mais provável reencarnar em forma de azeitona.”
Nick Clegg
Nick Clegg (48 anos), líder do partido Liberal Democrata
Nick Clegg foi a sensação das eleições de 2010. Quando participou num debate a três com o trabalhista Gordon Brown e o conservador David Cameron, Clegg era o menos conhecido de todos. Entre um candidato de esquerda e outro de direita, Clegg demonstrou o equilíbrio que muitos britânicos desejavam, tal como uma capacidade de eloquência acima da média. Uma das suas bandeiras durante a campanha foi a promessa de que as propinas para o ensino superior não iam subir.
Depois das eleições, David Cameron, que venceu as eleições mas com minoria, chamou-o a formar uma coligação. Clegg aceitou. Pouco depois, as propinas acabaram mesmo por subir. O aumento não foi marginal. Antes das eleições, o máximo que as universidades britânicas podiam cobrar por ano era 3290 libras (4420 euros). Depois de uma votação favorável dos conversadores e dos liberais-democratas, o teto máximo para as propinas passou para 9.000 libras (12.090 euros). Esta medida levou a violentas manifestações de estudantes.
Ainda hoje, Clegg carrega a cruz de ter prometido uma coisa na campanha que depois não cumpriu no poder. Já pediu desculpa pela sua inflexão mais do que uma vez, mas o eleitorado parece não perdoar. Em 2011, o seu partido teve 23% dos votos e elegeu 57 deputados. Agora, as sondagens preveem-lhes 8% e 27 assentos parlamentares.
Rainha Isabel II
Rainha Isabel II (89 anos), rainha do Reino Unido
A Rainha Isabel II é monarca do Reino Unido há 63 anos. Ou seja, já lhe passaram pelas mãos 12 primeiros-ministros — oito conservadores e quatro trabalhistas. Entre estes o prémio de longevidade vai para a única mulher que até agora ocupou o número 10 de Downing Street: Margaret Thatcher, que governo o país de 1979 a 1990.
O protocolo exige que a rainha conceda ao candidato mais votado a possibilidade de formar governo. O recém-eleito terá de apresentar as linhas orientadoras do seu programa político à monarca. Depois de aprovado, a rainha lê o documento final ao parlamento. Aí, cabe aos deputados votar a proposta, como se se tratasse de uma moção de confiança. Pode ler aqui o discurso da rainha que deu o pontapé de partida para o governo de Cameron e Clegg em 2010.
Este procedimento é relativamente simples, e sobretudo protocolar, no caso de uma maioria absoluta. Mas, já sabemos, tal cenário não vai acontecer nestas eleições. Por isso, há a possibilidade de a Rainha Isabel II ter de vir a fazer mais do que um discurso, caso o parlamento decida votar contra num primeiro momento.
O discurso da rainha está marcado para dia 27 de maio, uma quarta-feira.
Ficha técnica
Texto: João de Almeida Dias
Infografia e edição HTML: Milton Cappelletti