Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne e sangra todo dia.
Quando José Saramago escreveu estas palavras (é Clara que as profere, a personagem do drama “A Segunda Vida de Francisco de Assis”), inspirou-se naquele tipo de pessoas de lágrima fácil, que choram por tudo e por nada, muitas vez em público, mesmo quando o tentam evitar. E ter uma fonte nos olhos, mesmo que muitas vezes seja inevitável, é sempre embaraçoso.
Vamos aos sintomas. Primeiro os olhos inundam-se, a testa enruga-se, o nariz incha e os lábios perdem o controlo. Às vezes, até as palavras ficam presas num nó na garganta. Tudo piora quando nos damos conta que queremos travar as lágrimas e elas levam a melhor. O queixo começa a tremer e na maior parte das vezes o sentimento desaba num choro monumental. Sejamos realistas: as lágrimas de cinema não existem e nem todos ficamos imaculados quando choramos em público.
Para todas estas pessoas de choro fácil, e também para os outros que querem evitar situações embaraçosas, é importante conhecer as técnicas para chorar no meio da multidão sem perder a compostura.
A escritora e comediante Monica Heisey decidiu escrever um livro precisamente sobre esta temática: “Não Posso Acreditar Que Não Está Melhor” vai ser lançado a 13 de maio e serve para “ajudar homens e mulheres a lidar com o trabalho diário de estar vivo hoje“. O livro vai estar disponível na Amazon, mas enquanto não o adquire, experimente estas técnicas descritas no The Guardian pela escritora.
Conheça os seus limites
É possível que tenha noção daquilo que o faz chorar. Mas há um certo espírito masoquista nas pessoas que procuram coisas que as emocionam: quantas vezes não pôs uns auriculares nos ouvidos e pôs a tocar a música mais triste (ou mais marcante para a sua vida) do telemóvel com a perfeita noção que se ia desmanchar em lágrimas? O segredo é ter algum autocontrolo, cabeça fria e tentar evitar o que sabe que nos põe em prantos.
Liberte o que sente
Quando puder, liberte esses sentimentos mais negativos. Na intimidade não há que ter qualquer vergonha em expressar o que se sente. E sempre evita aquela sensação angustiante de ir para a rua com vontade de gritar até que tudo passe. Monica oferece um conselho especial: os primeiros cinco minutos do filme “UP! Altamente”. Ninguém consegue resistir à história de amor de Ellie e Carl. Faz chorar e alivia.
Mantenha a calma
E este não é um conselho para chorões, mas sim para todas as que estão em redor dela. Não dê importância às lágrimas dos outros: muitas vezes, as pessoas apenas querem um momento de intimidade, mesmo estando entre dezenas de pessoas. Esta pode ser uma tarefa complicada, principalmente se a pessoa que rompeu em prantos for um amigo. Ainda assim, há técnicas: se for realmente um bom amigo, faz sentido aproximar-se e tentar confortar quem chora. Se não, evite aqueles aglomerados de curiosos que se amontoam à volta do sofredor: mande-lhe uma mensagem discreta ou um simples olhar esclarecedor.
Mais cuidado ainda se for um homem
No que diz respeito a lágrimas é ainda mais terrível sublinhar em voz alta que é um homem quem está a chorar. Não é vergonhoso, mas ele pode sentir que a sua imagem de masculinidade fica fragilizada. E não há necessidade de aumentar essa sensação, muito menos se ele sentiu confiança junto a si para deixar transparecer o que sente.
Chore!
Afinal, qual é a necessidade de fingir que somos máquinas insensíveis sem sacos lacrimais? Pode tentar reservar-se, numa tentativa de proteger-se dos olhares e julgamento alheios. Mas a verdade é que não há uma necessidade real de não chorar em público. É que às vezes é mesmo inevitável. E não faz mal!