É o que dá quando se deixam as decisões para a última hora: a ansiedade acumula-se como um balão que se enche sem rebentar e, quando é para celebrar, a farra é das valente. Essa ânsia foi bem inflacionada no Benfica, que apenas se conseguiu livrar dela à penúltima jornada. Aconteceu este domingo, quando o calor apertou e decidiu dar mais lume à festa do título. Mas os encarnados não foram os únicos na Europa a deixarem — ou a serem obrigados a deixar — para as últimas o que podiam ter feito mais cedo. Em Espanha só não o foi por causa do taco-a-taco do costume.
Já nem se trata de ser um jogo do rato e do gato adaptado ao futebol, pois há anos que Real Madrid e Barcelona são mais como dois gatos à caça do mesmo rato. O normal é ver um apanhar a presa à frente do outro por uma nesga e, desta vez, foi algo do género que se passou. Ou melhor, foi quase uma adaptação espanhola ao guião português: o Barça chegou à penúltima jornada da La Liga só a precisar de ganhar, ou de fazer o mesmo resultado que o Real, para ser campeão. Ambos ganharam.
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Os catalães foram a Madrid buscar um 1-0 à casa do Atlético e os merengues visitaram Barcelona para saírem com um 4-1 de casa do Espanyol. E pronto. Dois anos depois o título voltou aos culés e a última jornada servirá para decidir outro campeonato, um bem mais privado — o que Cristiano Ronaldo tem contra Lionel Messi há seis anos. Para já, o português vai bem, pois no domingo marcou um hat-trick (com um golo de pé direito, um com a cabeça e outro com a canhota) e o argentino só fez um.
Este duelo de extraterrestres, por enquanto, está assim: Ronaldo tem 44 golos e 16 assistências feitas na liga e Messi conta 41 e 20. Sim, é muito golo com direitos de autor vindo destes dois.
A fiesta do Barça começou mais ou menos à mesma hora que do Benfica. Mas houve uma que rebentou bem mais cedo, quando a manhã já fechava a pestana — a de André Villas-Boas. O treinador português já não tocava em canecos desde a tripla de 2011 (Campeonato, Taça de Portugal e Liga Europa) com o FC Porto e bastou-lhe um empate para fazer do Zenit o novo campeão da Rússia. O clube de São Petersburgo, tal e qual os encarnados, garantiu o título na penúltima jornada e, por isso, também Luís Neto e Danny acabaram a festejar.
Também a leste, mas não tanto, houve outros dois portugueses que se acabaram a sorrir. Miguel Veloso e Antunes, os dois canhotos que moram em Kiev e jogam pelo Dinamo, são campeões da Ucrânia porque, a duas jornadas do fim, agarraram-se à vitória que lhes faltava. A mesma que garante ao clube a qualificação direta para a Liga dos Campeões, superando o Shakthar Donetsk, segundo classificado, e o Dnipro, o terceiro (onde joga Bruno Gama), que já garantiu a presença na final da Liga Europa que se realiza a 27 de maio.
Já mais para o meio da Europa houve outro português a desatar aos pulos devido a uma conquista. Este não joga, mas diz como os seus têm de jogar. Paulo Sousa, o treinador português que mais longe chegou esta época na Liga dos Campeões, guiou o Basileia até à conquista do sexto título consecutivo na Suíça. É obra. E o português fê-lo após ter de remendar grande parte da equipa no início da temporada. Antes, no sábado, tinha sido o Paris Saint-Germain a rebentar os primeiros foguetes de festa, ao garantir o terceiro título francês seguido. Assim já leva cinco e está com metade dos 10 que o Saint-Étienne e o Marselha têm no currículo.