Depois de uma batalha renhida em Madrid e Barcelona, há resultados a registar. Em Madrid, com mais de 99% dos votos escrutinados, Esperanza Aguirre, do PP, consegue uma vitória à justa, contra Manuela Carmena, líder do movimento Ahora Madrid que agrega partidos de esquerda como o Podemos. A margem de vitória foi justa, com Aguirre a perder a maioria absoluta e a contar com apenas mais um vereador do que os obtidos pelo movimento Ahora Madrid, que soma 20 lugares. Os socialistas do PSOE são a terceira força política, com nove.

Apesar da vitória do PP, que ficou a 10 mil votos de assegurar que Esperanza Aguirre continuaria como presidente de câmara de Madrid, é possível que o PSOE, com os nove vereadores que conseguiu eleger, viabilize um executivo do Ahora Madrid, a quem faltam precisamente nove eleitos para atingir a maioria absoluta. A diferença entre o PP e a segunda força mais votada foi de 43 mil votos.

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Ada Colau, do Barcelona en Comú, plataforma de cinco partidos de esquerda, entre os quais o Podemos, foi a mais votada na capital da Catalunha, tornando-se assim a primeira mulher a liderar a câmara de Barcelona e pondo fim ao reinado de Xavier Trias, da Convergência e União (CiU). A vitória de Colau é relevante não apenas para a cidade como também para a própria Catalunha, uma vez que estas eleições eram vistas como uma espécie de primeira volta das autonómicas, a realizar-se em setembro. Nessas, estará em jogo a independência da região, reclamada pelo CiU, do até agora autarca Trias, acusado pelas outras forças políticas de apenas estar interessado em usar Barcelona como rampa de lançamento do processo soberanista.

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Apesar da vitória histórica do Barcelona en Comú, a cidade só é governável se Colau fizer uma coligação com pelo menos dois outros partidos, uma vez que tem apenas mais um vereador do que o CiU. Em terceiro lugar ficou o Ciudadanos, com cinco vereadores, seguido da Esquerda Republicana (ERC) com os mesmos, o Partido Socialista da Catalunha com quatro, e o PP, com apenas três. Tanto para os socialistas (que caem da segunda para a quinta posição) como para o Partido Popular (que ficam ao nível de um partido que concorreu pela primeira vez, o CUP), as eleições em Barcelona representam uma forte queda.

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A nova presidente da câmara de Barcelona a ser detida pela polícia, há poucos meses, num dos muitos protestos em que participou contra os despejos na cidade

Menos 2,5 milhões de votos para a direita

O PP de Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol, venceu em nove das 13 regiões autónomas, mas perdeu todas as maiorias absolutas. A queda dos populares é significativa: face às eleições de 2011, perdem 2,5 milhões de votos e 11 pontos percentuais, ficando com o PSOE a escassos dois pontos de distância. Os socialistas, cujo secretário-geral é Pedro Sánchez, ficam assim como segunda força política. O Podemos e o Ciudadanos entram em todos os parlamentos, enquanto partidos como a Esquerda Unida e a União Progresso e Democracia (UPyD) quase se esfumam.

Assim, no novo mapa da política espanhola: Cantabria, Castela e Leão, Castela La Mancha, La Rioja, Aragão, Valência, Madrid, Múrcia e Baleares foram ganhas pelo PP (as coligações de esquerda poderão tirar o governo de algumas ao PP, no entanto); Astúrias e Extremadura ficaram para os socialistas; Navarra continua na mão da União do Povo de Navarra (UNP); nas Canárias ganhou o Partido Nacionalista das Canárias (CCa-PNC).

O resultado destas eleições será, muito provavelmente, o prólogo das legislativas previstas para outubro/novembro. O bipartidarismo sobrevive para já, mas leva um duro golpe, como o líder do Podemos fez questão de dizer no rescaldo da noite eleitoral. Classificando a mudança política como “irreversível”, Pablo Iglesias disse ter sido “um orgulho e uma honra ser a alavanca dessa mudança”. Com os resultados obtidos, este partido de indignados nascido de movimentos como o 15M torna-se fundamental para garantir a governabilidade de diversas regiões.