O Caixa Bank informou esta quinta-feira o regulador do mercado espanhol (CNMV) que deixa cair a oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI. A desistência acontece depois de, em assembleia geral, os acionistas do banco terem chumbado a eliminação do limite aos direitos de voto no banco.

Esta era uma condição de sucesso da oferta anunciada em fevereiro, mas a sua votação foi antecipada por iniciativa do segundo maior acionista do banco, Isabel dos Santos, que se manifestou contra a OPA do CaixaBank. A decisão de desistir da oferta acaba por confirmar a sentença proferida ontem pelo representante da empresária angolana. “A OPA morreu”, respondeu Mário Leite Silva aos jornalistas depois da assembleia geral de quarta-feira. Já Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, quando confrontado com a pergunta – A OPA morreu? – respondeu que ainda estava viva.

Perante o voto contra a desblindagem dos estatutos do BPI, o CaixaBank só tinha duas hipóteses. 1. Mudava as condições da oferta, avançando com uma subida do preço que seduzisse os acionistas que votaram contra. E para além da incontornável Isabel dos Santos, outros acionistas mostraram cartão vermelho à OPA, para além da gestão que qualificou a oferta de insuficiente. 2. Deixava cair a OPA.

“O CaixaBank informa que o seu conselho de administração concordou em apresentar à CMVM (Comissão de Mercado de Valores Mobiliários) a desistência do registo da sua oferta de compra sobre as acções do BPI anunciada no passado dia 17 de Fevereiro, uma vez que não se deu cumprimento à condição de se eliminar o limite de direitos de voto que um accionista pode emitir estabelecido pelos estatutos do BPI, já que a assembleia geral do BPI de ontem acordou não eliminar essa limitação estatutária”.

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CaixaBank analisa alternativas para participação no BPI

O banco catalão informa ainda que irá “iniciar a partir deste momento uma fase de análise das alternativas estratégicas disponíveis a respeito da sua participação no BPI” (que é de 44%, mas com direitos de voto limitados a 20%). Esta análise terá em conta os objetivos do Plano Estratégico 2015.2018.”

E um dos cenários alternativos, colocados em cima da mesa pela empresária angolana, passa pelo estudo de uma fusão entre o BCP e o BPI. Esta hipótese, que terá ainda o apoio do maior acionista do BCP, a Sonangol, já foi admitida pela administração liderada por Nuno Amado. Mas até agora a gestão de Fernando Ulrich tem defendido que só depois do desfecho do processo da OPA é que o BPI iria avaliar esta possibilidade. Agora este argumento parece cair.

As ações do BPI estiveram esta quinta-feira suspensas quase toda a sessão, por ordem da CMVM que aguardava esclarecimentos do CaixaBank. No entanto, o banco catalão informou primeiro o supervisor da bolsa espanhola.