O governo liderado por David Cameron já se estará a movimentar para evitar participar no novo acordo para financiar a Grécia. O responsável pela pasta das Finanças, George Osborne, terá feito segunda-feira vários telefonemas aos seus parceiros europeus antes da reunião do Ecofin que se realiza em Bruxelas esta terça-feira. O objetivo destas conversas, segundo avança a agência Bloomberg, foi deixar bem claro que utilizar o orçamento europeu como garantia de ajuda urgente à Grécia é ignorar um compromisso assumido em 2010.

No ano em que rebentou a crise do euro, já com epicentro em Atenas, o primeiro-ministro britânico David Cameron afirmou ter conseguido conquistar um acordo claro e unânime de que o fundo de emergência financeira da União Europeia, o EFSM, não seria novamente usado para apoiar resgates de países do euro em apuros. Esta responsabilidade deveria apenas ser assumida pelos mecanismos permanentes criados para lidar com a crise e que envolvem apenas os parceiros que estão no euro.

O terceiro resgate grego deverá envolver uma empréstimo ponte ou de transição para responder às necessidades urgentes de financiamento da Grécia. Procura-se desta forma evitar um incumprimento de reembolsos, designadamente face ao Banco Central Europeu, enquanto as instituições europeias e o Fundo Monetário Internacional definem os termos do terceiro resgate, o que pode ainda demorar um mês, isto se o acordo alcançado esta segunda-feira passar no Parlamento de Atenas.

Este empréstimo ponte, da ordem dos 8600 milhões de euros, sairia do EFSM (mecanismo europeu de estabilização financeira), um instrumento de ajuda financeira que envolve os 28 estados da União Europeia e que tem como garantia o orçamento comunitário. O Reino Unido contribui com 14% para as verbas comunitárias, pelo que um empréstimo desta dimensão, deixaria o pais exposto a um risco da ordem dos mil milhões de libras, segundo as contas do Daily Telegraph. Uma fonte do Tesouro britânico, citada pela Bloomberg, assegura que os colegas da zona euro receberam a mensagem “em alto e bom som” de que o Reino Unido não está disponível para rever as regras de ajuda financeira do euro.

O Reino Unido não tem direito de veto e o presidente da Comissão Europeia, Jaen-Claude Juncker terá já sinalizado abertura para usar o EFSM neste financiamento de transição.

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