O Super Bock Super Rock (SBSR) é um dos festivais de música mais antigos do país. A primeira edição aconteceu em 1995 na Gare Marítima de Alcântara (Lisboa) e nos anos seguintes passou pelo Parque Tejo e pela Herdade do Cabeço da Flauta (Meco), pelo Porto e por Luanda. Duas décadas depois, regressa à cidade de Lisboa, onde vai ocupar 75 mil metros quadrados do Parque das Nações, na zona entre o Pavilhão de Portugal e o MEO Arena. O SBSR volta a ser um festival urbano à beira rio.

Esta segunda-feira estivemos na inauguração da exposição “20 Anos de Super Bock Super Rock”, que reúne imagens cedidas por 18 fotógrafos e que retratam muitas das bandas e artistas que passaram pelo festival desde a primeira edição. Em janeiro deste ano a Música no Coração (promotora do festival) convidou a fotógrafa Rita Carmo (Blitz) para fazer a curadoria, um processo que se revelou complexo: desde a recolha de material, gestão de calendário e organização do arquivo de um tempo onde não existiam máquinas digitais (e portanto, muito menos fotografias), dos anos em que o festival se dividia por diferentes salas e datas. “Deu muito trabalho”, contou-nos Rita Carmo. Foram muitos os momentos, aqui testemunhados.

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O SBSR é organizado pela promotora Música no Coração, do empresário Luís Montez. É um apaixonado por música e está há muitos anos ligado à rádio — foi diretor da Antena 3 e da XFM. Mas a Música no Coração não é apenas uma promotora de espetáculos, é um “ecossistema” que inclui um elo importante: as rádios do grupo Luso Canal, liderado pelo empresário e do qual fazem parte a Radar, Oxigénio (onde assina uma rubrica semanal) e a Rádio Amália, entre outras.

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Luís Montez explicou-nos que as rádios do grupo são fundamentais para o trabalho de divulgação dos artistas e bandas que passam pelo festival, porque “rodam os artistas que as rádios generalistas e comerciais não passam” mas também porque os profissionais das rádios desempenham um papel importante na curadoria. “A informação é o segredo” e muita dela vem da rádio. Luís Montez não poupa nas palavras: “tenho os melhores radialistas do país, que me dizem quais são os artistas em que devemos apostar no festival”.

Em entrevista ao Observador, sublinhou como uma das características distintivas do SBSR o cuidado na escolha dos artistas, não só os nomes consagrados mas também os novos talentos, “artistas que hoje são cabeça de cartaz começaram no SBSR em palcos secundários”. Considera que “é um festival para quem gosta de música”, disse-nos que o público está cada vez mais exigente e que essa é uma das razões para o regresso do festival à cidade.

São muitas as memórias e emoções, mas apesar dos altos e baixos e do stresse inerente à organização de um festival desta dimensão, Luís Montez só perdeu o sono uma vez, quando os Depeche Mode cancelaram o espetáculo na edição de 2009. Aqui fica o balanço.

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20 anos depois, é tempo de olhar em frente. O SBSR está de volta à beira rio, tem melhores acessos, transportes públicos (metro, autocarro e comboio) e a proximidade do aeroporto. “Não há festival nenhum no mundo a 5 minutos do aeroporto, é uma mais valia muito grande”. E concretizou num exemplo: “Fica mais barato a um londrino vir ver um concerto aqui que a Glastonbury, e lá chove e há lama por todo o lado. Aqui o tempo é fantástico, há boa comida, segurança e pessoas simpáticas.”

Contou-nos que foi para a Herdade do Cabeço da Flauta (Meco) em 2010 porque se apaixonou pelo pinheiros mansos, “é um sítio lindo”, mas não resistiu ao desgaste do trajeto. Os amigos diziam-lhe que “o cartaz era bom mas não tinham paciência para chegar lá”. A distância da capital, os constrangimentos de trânsito, “atravessar Fernão Ferro e a fila para a Costa da Caparica” foram duas grandes barreiras que afastaram muita gente do festival.

O regresso a Lisboa traz vantagens inegáveis: condições técnicas, sombra, rio, arquitetura, urbanismo e modernidade. “Corro o risco de ficar por aqui alguns anos”, disse-nos. Até porque o MEO Arena (de que é proprietário) tinha pouca ocupação nestes meses de verão e tem, de raiz, todas as condições para receber o público e os artistas. Luís Montez não tem dúvidas que o futuro do SBSR passa por “seguir uma tendência que se vê por todo o mundo: festivais mais pequenos, com mais conforto. No que toca à música, vídeo, segurança, conforto, estamos no top, ninguém nos vem ensinar nada, mas precisamos de melhorar a parte da restauração, de aumentar os padrões de qualidade”. Esse foi um dos aspetos realçados na visita que fizemos na passada segunda-feira, a área vai incluir os restaurantes englobados no recinto, ou seja, quem quiser vai poder comer “de faca e garfo” num festival de verão.

Também pela primeira vez, o SBSR terá um parceiro tecnológico. O protocolo com a sul-coreana LG foi assinado esta semana e vai estender-se ao MEO Sudoeste, também organizado pela Música no Coração. A LG vai mostrar presença em diferentes vertentes, com destaque para a transmissão dos espetáculos, em diversos pontos do recinto, em ecrãs Super UHD com resolução 4K e pelo sistema de comunicação da equipa de produção (os auriculares LG Tone +).

Pelo que observámos, a circulação pelos quatro palcos do recinto será fluida. A sala grande do MEO Arena será o palco Super Bock, a sala Tejo (mais pequena) o palco Carlsberg, por baixo da pala do Pavilhão de Portugal estará o palco EDP e de costas para a entrada da FIL, o palco Antena 3 (a escadaria do MEO Arena será a plateia). A lotação está limitada a 20 mil pessoas por dia (que corresponde à lotação máxima do MEO Arena), o bilhete diário custa 50€ e o passe de três dias 95€.

A circulação automóvel no Parque das Nações estará condicionada durante os três dias do festival, pelo que se recomenda o uso dos transportes públicos. Encontra mais informações aqui; o cartaz e os horários podem ser consultado neste link e não se esqueça de visitar a exposição de fotografia (no Pavilhão de Portugal). São 20 anos de festivais e de música em imagens, que é também a história dos espetáculos ao vivo em Portugal.