“É quase certo” que o destroço encontrado na Ilha Reunião pertença a um Boeing 777 – o modelo do avião da Malasia Airlines que desapareceu em março de 2014 -, disse o ministro dos transportes da Malásia, Abdul Aziz Kaprawi. O vice-presidente australiano Warren Truss, que está a liderar as buscas pelo avião MH370, desaparecido com 239 pessoas a bordo, é mais cauteloso. Diz que a parte encontrada “não é inconsistente com um Boeing 777”, mas que existem “outras possibilidades”.
Parte de uma asa, meia destruída, com alguns buracos e já enferrujada. Este é o retrato resumido do destroço, encontrado na Ilha Reunião, cujas imagens foram enviadas a um ex-piloto militar, de seu nome Xavier Tytelman. O especialista em aviação, pelo que viu nas fotografias, já tinha dito que acreditava que este pedaço de asa podia pertencer ao Boeing 777 da Malasia Airlines. “Não podemos ter a certeza, mas acreditamos que há possibilidades que seja mesmo”, disse o antigo piloto.
Tytelman falou ao Daily Telegraph no plural já que, após receber as imagens, tê-las-á partilhado “com vários colegas”, além de as ter comparado com “centenas de fotografias de outros aviões”. Depois de partilhar e receber opiniões, o ex-piloto acabou por dizer que “todos acham provável que o pedaço de asa seja de um Boeing 777, o mesmo avião do [voo] MH370”.
Similitudes incroyables entre le flaperon d'un #B777 et le débris retrouvé ce matin à #LaReunion… #MH370 ? pic.twitter.com/GDkzRLwi2h
— Xavier Tytelman (@PeurAvion) July 29, 2015
Esta outra imagem abaixo permite ter uma ideia da origem do destroço. Se se confirmar que é mesmo um pedaço de um Boeing 777 então a identificação será praticamente certa, pois o aparelho que fazia o voo MH370 é o único daquele tipo cujo paradeiro se desconhece.
https://twitter.com/RaischStudios/status/626519892066500609/photo/1
O voo da Malasia Airlines, que transportava 239 pessoas, desapareceu a 8 de março de 2014. Os radares perderam-no, nunca foram encontrados destroços e ninguém sabe o que aconteceu à aeronave cuja última localização conhecida foi no espaço aéreo da Malásia. Fizeram-se buscas, inventaram-se teorias até que, quase um mês depois, as autoridades deram como provável a queda do avião no sul do Oceano Índico — o mesmo oceano que banha a costa da Ilha Reunião, localizada a Este do Madagáscar.
É possível que as correntes oceânicas, como se pode ver nesta imagem do Wall Street Journal, tenham levado o destroço desde a zona em que se pensava que o avião tivesse caído até à ilha Reunião.
https://twitter.com/WSJ/status/626657238824955904/photo/1
Xavier Tyleman revelou que a polícia local, ao examinar os destroços, concluiu que o pedaço de asa “terá estado cerca de um ano em contacto com a água”. O ex-piloto chegou mesmo a referir que a Austrália — país que se encarregou, na altura, de liderar as operações de busca pelo avião desaparecido — já informou as autoridades da Reunião que pretende examinar os destroços.
Mas quem é Xavier Tyleman?
Agora, a primeira de duas perguntas: quem é o homem que recebeu as primeiras imagens dos destroços? Sabe-se que é “um especialista em segurança aérea”, como se autointitula na descrição que fornece no blogue sobre aviação, do qual é autor. Revela também que é um “antigo piloto militar”, com experiência em “aeronaves de patrulha marítima”. Diz-se ainda “consultor da indústria aeronáutica” e formador no Centro de Tratamento ao Medo do Avião, instituição com sede em Paris, capital gaulesa.
Tyleman até publicou um texto sobre o assunto no blogue. Utilizou-o para dar conta que recorreu ao AvGeek, um fórum restrito a pilotos, especialistas e amantes da aviação, o qual utilizou para “trocar opiniões e colocar em hipóteses todos os cenários”. No mesmo texto, contudo, o antigo piloto realça que os destroços encontrados na Reunião “não significam que o MH370 tenha voado até tão longe”.
Resta colocar a segunda pergunta: porque foram enviadas as imagens a Xavier Tyleman? Não se sabe, já que o homem não o mencionou ao Daily Telegraph nem no texto que assinou no blogue. Numa mensagem que publicou esta quarta-feira na sua conta de Twitter, porém, Tyleman já se contradizia: “Não acredito que isto seja do MH370. A caixa do Boeing 777 parece mais fina do que a encontrada nos destroços.” Pelos vistos, alguém terá mudado de ideias.
Par contre je ne crois pas au #MH370, le caisson du #B777 semble plus fin que celui retrouvé. #Débris #LaReunion 2/2 pic.twitter.com/w4oB052RdY
— Xavier Tytelman (@PeurAvion) July 29, 2015
Mais uma imagem intrigante
Entretanto, foi divulgada esta manhã, quinta-feira, mais uma imagem intrigante: continha restos de uma mala que terá sido encontrada também na Ilha Reunião, num local próximo daquele em que o pedaço de asa deu à costa.
https://twitter.com/a_forestier/status/626666375696805888/photo/1