Depois de a Rússia ter vetado na quarta-feira uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para a criação de um tribunal internacional que investigasse a queda do Boeing malaio no leste da Ucrânia, o primeiro-ministro britânico David Cameron sugeriu a abertura de um novo inquérito fora do âmbito da ONU. O objetivo é continuar a investigar a queda do avião da Malaysia Airlines MH17, com quase 300 passageiros a bordo, que terá sido abatido por militares pró-russos, avança o Guardian.
No Conselho da ONU, 11 dos 15 membros do Conselho de Segurança votaram a favor da resolução, que foi apresentada pela Austrália, Bélgica, Malásia, Holanda e Ucrânia. Angola, China e Venezuela abstiveram-se. Entre os apoiantes da resolução estavam o Reino Unido, França e Estados Unidos, que acusaram os separatistas pró-russos de abaterem o Boeing 777 com um míssil fornecido pela Rússia.
Moscovo nega qualquer envolvimento e culpa o exército ucraniano. Na quarta-feira, o embaixador russo Vitaly Churkin fez uma extensa defense das ações da Rússia. “Qual é a base para se garantir a imparcialidade desta investigação?”, perguntou Churkin perante o conselho, apontando o dedo à “propaganda agressiva dos media”.
Dias antes do primeiro aniversário da tragédia ocorrida a 17 de julho do ano passado, um relatório elaborado por investigadores holandeses responsabilizou diretamente os rebeldes, sustentando que estes abateram o avião com um míssil terra-ar.
Por seu lado, o Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu, na véspera do aniversário, que se deve concluir quanto antes a investigação do incidente, ao conversar por telefone com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Putin considerou ainda “prematura e contraproducente” a possibilidade de se criar um tribunal internacional para julgar os culpados da queda do avião.
Perante o veto da Rússia, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, prometeu esta quinta-feira justiça aos familiares das vítimas do avião da Malaysian Airlines abatido na Ucrânia. “Os resultados falam por si”, escreveu no Facebook o presidente ucraniano em relação aos resultados da votação no Conselho de Segurança da ONU (11 votos a favor, três abstenções e o veto russo).
“Mas a Ucrânia não vai ficar por aqui”, acrescentou Poroshenko. “Os culpados devem ser punidos. É esse o nosso dever para com as vítimas e suas famílias”. A Ucrânia acusa Moscovo de ter fornecido aos rebeldes pró-russos do leste da Ucrânia o míssil que terá sido usado para abater o avião da Malaysian Airlines em julho de 2014.
As 298 pessoas que estavam a bordo do Boeing 777 que seguia de Amesterdão para Kuala Lumpur morreram.