O chefe da diplomacia norte-americana, John Kerry, afirmou este sábado no Cairo, Egito, que o acordo sobre o controverso programa nuclear iraniano torna “sem dúvida” a região do Médio Oriente mais segura.

“Não pode existir absolutamente nenhuma dúvida de que se o plano de Viena [acordado entre Teerão e as principais potências internacionais em meados de julho] for totalmente aplicado, o Egito e todos os países da região serão mais seguros do que alguma vez foram”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo egípcio, Sameh Choukri, hoje realizada no Cairo.

John Kerry encontrou-se hoje de manhã com o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, reunindo-se mais tarde com o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, antes de partir para Doha, no Qatar, para encontros com os chefes da diplomacia dos países do Golfo.

“Os Estados Unidos e o Egito reconhecem que o Irão está envolvido em atividades desestabilizadoras na região e é por isso que é tão importante assegurar que o programa nuclear iraniano continua inteiramente pacífico”, acrescentou o representante norte-americano.

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O Egito e outros países da região, incluindo a Arábia Saudita, suspeitam das intenções iranianas, afirmando que o regime de Teerão quer expandir a sua influência no Médio Oriente e que interfere nos assuntos internos dos países daquela região.

Na segunda-feira, em Doha, John Kerry vai reunir-se com os seus homólogos das seis monarquias sunitas do Golfo, numa tentativa de dissipar as preocupações destes países sobre o acordo nuclear.

Esta ronda internacional do chefe da diplomacia norte-americana, que termina a 08 de agosto e que inclui também uma passagem pelo sudeste asiático, não vai passar por Israel, um aliado tradicional dos Estados Unidos que contesta fortemente o compromisso alcançado com o regime de Teerão.

Após 21 meses de negociações, o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança — Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China — e a Alemanha) e o Irão alcançaram a 14 de julho deste ano na capital austríaca um acordo que visou acabar com 13 anos de tensões acerca do dossiê nuclear iraniano.

O acordo impõe limites estritos às atividades nucleares do Irão durante pelo menos uma década e apela para o controlo rigoroso das Nações Unidas, esperando as potências mundiais que torne praticamente impossível a possibilidade de Teerão criar uma bomba atómica.

Em troca, serão levantadas as sanções internacionais, que cortaram num quarto as exportações de petróleo do quinto maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e estrangularam a economia iraniana, e serão desbloqueados milhares de milhões de dólares em ativos que estavam congelados.