Mesmo ao lado da maior cidade de África, Lagos na Nigéria, está a nascer um oásis de modernidade e prosperidade. Eko Atlantic é uma ilha construída artificialmente, com 10 quilómetros quadrados e com capacidade para acolher 250 mil pessoas. Para garantir a sua sustentabilidade, numa costa fortemente fustigada pelo avanço do oceano Atlântico, o empreendimento está a construir uma barreira com blocos de milhares de toneladas para impedir que a esta nova cidade se afunde. Paradoxo: esta metrópole está a ser construída num país onde 100 dos cerca de 170 milhões de habitantes vivem com menos de um dólar por dia.

A Eko City quer rivalizar com o Dubai e com Hong Kong na sua sumptuosidade e exclusividade, querendo ser o centro financeiro de África e atrair milionários de todo o mundo. Ao contrário de Lagos, atualmente com mais de 15 milhões de habitantes e onde a eletricidade não tem um fornecimento contínuo em grande parte dos bairros, Eko City vai ter geradores próprios, uma rede separada de esgotos e um sistema de trânsito controlado para evitar filas de carros. Os investidores em Eko – antigo nome pelo qual era conhecida Lagos -, apresentam-na como a “cidade limpa”. Entre os principais investidores estão o BNP Paribas e o KBC Bank.

Também ao contrário dos bairros mais pobres de Lagos junto à costa, onde as casas estão constantemente a ser engolidas pelo avanço do oceano, Eko Atlantic terá uma barreira protetora que agirá como escudo do mar, protegendo os arranha-céus e mega avenidas que estão a ser projetadas. Um dos primeiros edifícios a ser construído é a sede de uma companhia britânica de exploração de gás e petróleo e terá 15 andares. A gestão de toda a cidade será privada, assegurada pela administração do empreendimento. Esta nova metrópole é já mesmo considerada como uma das primeiras mega estruturas para fugir às consequências das alterações climáticas.

Este projeto está a ser fortemente contestado, não só devido aos recursos investidos na criação da cidade, mas também por haver alternativas possíveis para acomodar quem atualmente já sofre com o avanço do mar na costa africana e que não estão a ser implementadas. Os habitantes dos bairros mais pobres destas cidades acabam por perder tudo com o avanço do oceano e milhares de pessoas são obrigadas a procurar novos locais para viver.

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