Depois da tempestade, o silêncio. Depois de uma semana de polémicas em torno dos cartazes que acabou com a demissão do diretor de campanha, os socialistas estão a banhos e António Costa só deverá ter agenda pública na próxima semana. Mas não são os únicos. A coligação arranca esta semana com uma presença conjunta na Festa do Pontal, mas os dois principais candidatos às eleições legislativas só deverão acentuar as atividades públicas na parte final do mês.
Nos últimos anos, agosto não tem sido sinónimo de silly season e este ano, pelo menos para o PS, o descanso esteve afastado da primeira semana do mês tradicional de férias. Mas nem mesmo a polémica com os cartazes ou o problema da data do primeiro debate com Passos Coelho levaram a que Costa aparecesse em público interrompendo os planos que tinha para a primeira quinzena do mês: descanso. O partido está a gerir a agenda em mínimos e só entrará com mais gás a partir da próxima semana, quando o novo diretor de campanha Duarte Cordeiro pegar a 100% na organização deixada por Ascenso Simões.
Na verdade, não foi apenas o “cartazgate”, mas também uma coincidência que terá desagradado a António Costa, que decidiu, sempre na sombra, pela substituição de Ascenso Simões. A data do primeiro debate entre o líder socialista e Passos Coelho é exatamente no dia em que é de novo reavaliada a medida de coação de José Sócrates. Mais uma coincidência que precipitou a saída do diretor de campanha – o homem que tinha negociado com as televisões e com os restantes partidos o formato e as datas dos frente-a-frente.
A ausência de Costa durante toda a semana em que o partido se viu atingido por críticas de várias frentes, resguardando-se das balas da polémica, foi notada por alguns socialistas. Se no grupo mais próximo esta questão não foi levantada defendendo que o líder tinha há meses pensado neste período de descanso, outros houve que em conversas com o Observador referiram a estranheza de não ver o secretário-geral do PS na primeira linha. Marcelo Rebelo de Sousa foi quem deu voz, em tom de ironia, à estranheza: “Foi tudo na primeira semana de férias de António Costa, ou seja, não pode meter férias”, disse no comentário habitual de domingo.
António Costa esteve este fim de semana no Algarve e assistiu ao jogo da Supertaça Cândido Oliveira, mas manteve-se longe dos microfones e das declarações sobre o caso dos cartazes. Regressará a Lisboa, mas até esta segunda-feira não tinha marcado agenda pública.
Do lado da coligação, a diferença não é muita. A não ser o facto de não terem polémicas a atravessarem-se no caminho até ao Calçadão de Quarteira, onde, no sábado, Passos Coelho e Paulo Portas sobem juntos para a tradicional Festa do Pontal. A festa marca todos os anos a rentrée do PSD, este ano tem duas diferenças: o CDS vai lá estar e apesar de ser uma rentrée, Passos irá gozar férias a seguir na casa na Manta Rota, deixando Portas no terreno.