O Reino Unido e a França assinaram na quinta-feira um acordo para um plano de ação contra a crise de Calais. A ministra da Administração Interna britânica, Theresa May, e o seu homólogo francês, Bernard Cazeneuve, concordaram em aumentar os meios para a vigilância do Túnel da Mancha, que liga o norte de França com o Sul do Reino Unido.

Cada lado da Túnel da Mancha passará a ter um destacamento policial com o único intuito de assegurar que não entram migrantes dentro da ferrovia que liga um país ao outro. Os chefes desses destacamentos responderão diretamente a May e Cazeneuve.

Segundo a France 24, o acordo prevê também a construção de um complexo em frente à entrada francesa do túnel com o objetivo de assim reduzir as entradas de migrantes clandestinos durante a noite. Do lado francês, além de mais polícias, haverá mais equipas com a função de fazer buscas nas cargas que atravessam o túnel e também cães para esse efeito.

Do lado do Reino Unido, haverá um investimento para a construção de vedações, instalação de mais câmeras de vigilância, sistemas de detecção por raios infravermelhos e focos de luz. Além disso, o governo britânico vai gastar 22 milhões de libras (quase 31 milhões de euros) para aumentar a segurança em Calais.

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Além disso, o Reino Unido vai gastar 10 milhões de euros ao longo de dois anos num esforço para acelerar o processo de concessão de asilo a potenciais refugiados e também para ajuda humanitária. Do lado francês, o ministro da Administração Interna explicou que as conversações com a sua congénere britânica incluíram a busca de soluções para “ajudar a maneira como crianças e mulheres, que estão numa situação altamente vulnerável, são recebidas”.

Dez mortos desde junho e 3 mil à espera em Calais

Desde junho, já morreram pelo menos 10 pessoas a tentar atravessar o Túnel da Mancha entre Calais, do lado francês, e Folkestone, no Sul de Inglaterra. A maior parte deles vem de países em conflito e a braços com crises humanitárias, como a Síria, Eritreia, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Somália e Sudão.

Estima-se que estejam cerca de 3 mil pessoas em Calais e à espera de uma brecha para poderem chegar ao Reino Unido — para onde a maior parte deles quer ir, uma vez que se acredita que lá o trabalho clandestino é mais fácil do que em França.

Além de estarem naquela cidade portuária, os migrantes estão acampados ao longo da auto-estrada que lhe dá acesso e que termina no Túnel da Mancha. Conforme contou ao Observador um camionista português no início de agosto, os migrantes tentam entrar a todo o custo dentro dos camiões. Nessa altura, David Cameron, o primeiro-ministro britânico, foi amplamente criticado por ter descrito estes migrantes como “enxames que vê do Mediterrâneo”.