“É repugnante a forma como a extrema-direita e as forças neo-nazis tentam espalhar a sua mensagem de ódio contra aqueles que procuram asilo”. Foi assim que o porta-voz do governo alemão se dirigiu esta segunda-feira aos jornalistas, numa conferência de imprensa, onde comentou os protestos violentos do fim de semana em Heidenau, no leste do país, contra os refugiados que têm chegado ao país em busca de asilo.
Steffen Seibert afirmou ainda que era “vergonhosa” a presença de famílias com crianças nas manifestações organizadas por neo-nazis no último fim de semana.
“A chanceler Angela Merkel e todo o Governo condena da maneira mais forte possível os violentos incidentes e a atmosfera xenófoba”, disse, numa conferência de imprensa esta segunda-feira, dia que que Merkel recebe em Berlim o presidente francês, François Hollande, para discutir a crise migratória na Europa, nomeadamente as quotas de entradas de migrantes.
A Alemanha, afirmou o porta-voz, é “um país solidário” e não vai deixar que refugiados “em situação difícil” sejam “recebidos com palavras de ódio e gritos de embriagados”. “É repugnante a forma como extremistas de direita e neonazis procuram difundir a sua mensagem de ódio e é vergonhoso que até famílias com crianças os apoiem marchando a seu lado”, acrescentou.
Pelo menos 31 polícias alemães ficaram feridos na madrugada de sábado na sequência de confrontos com cerca de 600 manifestantes ant-imigração. Os manifestantes, ligados ao partido Nacional Democrático da Alemanha, pró-Nazi, atiraram garrafas e pedras num protesto contra a abertura de um centro de acolhimento de refugiados.
O vice-chanceler, Sigmar Gabriel, visitou hoje Heidenau para manifestar solidariedade, tendo afirmado à imprensa que o país “não vai ceder um milímetro a estes grupos de extrema-direita”. Para Gabriel, as pessoas envolvidas nestes incidentes “nada têm a ver com a Alemanha” e a única resposta válida é “polícia, procuradoria e, se necessário, prisão”.
A chanceler alemã e o Presidente francês reúnem-se esta segunda-feira, em Berlim, para tentar levar a Europa a restringir os pedidos de asilo, entre outras medidas para resolver a pior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial. Mais de 107 mil migrantes que fogem de países em conflito atravessaram as fronteiras europeias no mês passado e a situação está a piorar, pelo que Angela Merkel e François Hollande já afirmaram que querem dar um novo ímpeto à resposta à crise.