Os responsáveis do governo e do banco central chinês que foram à reunião do G20 em Ancara, este fim de semana, tentaram passar uma mensagem de tranquilidade e confiança, na sequência da forte instabilidade que se abateu sobre os mercados chineses nas últimas semanas. Nem todos, contudo, ficaram convencidos.
“Julgamos que está muito próxima do fim“, afirmou Zhu Jun, líder do departamento internacional do Banco Popular da China, numa alusão à turbulência nos mercados. “Em certa medida, a alavancagem [endividamento] no mercado já diminuiu de forma significativa, e acreditamos que não existe risco sistémico“, afiançou o mesmo responsável. Por risco sistémico entende-se o risco de que dificuldades num canto do mercado isso possa alastrar-se para o sistema financeiro ou para a economia.
As ações chinesas caíram mais de 40% face aos valores mais elevados do ano, uma queda agravada depois de as autoridades chinesas terem permitido a desvalorização do yuan. Soube-se esta segunda-feira que o país gastou parte das reservas de moeda estrangeira para conter a desvalorização da moeda chinesa. A China, que no final de julho tinha o equivalente a 3,65 biliões de dólares em moeda estrangeira, passou a ter 3,56 biliões no final de agosto.
Ações chinesas caem 40% face aos máximos do ano
A desvalorização abrupta do mercado acionista chinês abrandou nos últimos dias, apesar de continuarem a sair dados e projeções que apontam para uma desaceleração da economia chinesa. Mas “a economia chinesa está, do ponto de vista dos seus fundamentos, ótima“, garantiu na sexta-feira Yi Gang, governador adjunto do banco central chinês.
O responsável não garantiu que o valor do yuan já caiu o que tinha a cair, mas mostrou confiança de que, “apesar de ninguém conseguir prever exatamente a volatilidade nos mercados, estou confiante de que a taxa de câmbio manter-se-á mais ou menos estável num ponto de equilíbrio”.
As reações no G-20 foram mistas. Se o ministro das Finanças do Canadá, Joe Oliver, diz que “a China está, definitivamente, a tentar assumir um papel mais construtivo”, o ministro japonês, Taro Aso, ficou menos convencido. “Eles tentaram ser construtivos, mas não deram detalhes suficientes”, lamentou o japonês, citado pela agência Bloomberg.