Olha a bola no ar. O futebol é um jogo que todos aplaudem por ter a bola a rolar na relva, mas ela viaja pelo ar muitas vezes. Demasiadas, até. Há ressaltos que a levantam, chutões para a frente que a fazem viajar sem nexo ou remates à baliza que a fazem descolar em velocidade. Faz parte do jogo e daí se tocar na bola com os pés, numa altura, e com a cabeça, noutra. Nem toda a gente gosta disto e o ponto fraco de muitos é a expressão que comentador gosta de usar: o jogo aéreo. Há quem feche os olhos ou não saiba sequer como saltar a uma bola que está no ar. Em breve, nos EUA, os miúdos também não terão hipóteses de o aprender, mas é por uma boa causa.

Porque a federação de futebol do país que trata por soccer o desporto que reina no mundo não deseja ver uma coisa a acontecer — concussões cerebrais. Para evitar que elas aconteçam, a US Soccer ainda não tomou mas já avisou que, em breve, vai tomar medidas para impedir que crianças até aos 10 anos toquem com a cabeça na bola em qualquer jogo. O anúncio fez-se na segunda-feira, quando a entidade revelou que, nos próximos 30 dias, irá apresentar um plano completo de medidas de segurança a implementar no futebol norte-americano.

Além de pretender proibir que jogadores até aos 10 anos cabeceiem a bola durante qualquer jogo, os miúdos dos 11 aos 13 também terão um limite ao número de toques com a cabeça que podem dar durante os treinos de futebol. “Estamos a criar parâmetros e linhas condutoras [que limitem] o grau de exposição” das crianças à hipótese de sofrerem concussões, justificou George Chiampas, diretor do departamento médico da US Soccer. Afinal, nos milhares de anos de evolução do ser humano, a natureza não previu que um dia milhões de pessoas andassem bater numa bola com a cabeça.

Outra das medidas anunciadas é a alteração à regra das substituições, para que “não sirvam de impedimento para a avaliação de jogadores que possam ter sofrido uma concussão durante os jogos”. Por outras palavras, esta intenção poderá levar a que o futebol norte-americano passe a fazer algo parecido ao râguebi — onde um jogador pode sair do campo e ser substituído temporariamente por outro enquanto é examinado por um médico. O The New York Times escreve que, em 2010, cerca de 50 mil jogadores do ensino secundário (high school soccer) sofreram concussões durante jogos de futebol. 

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