Isabel Moreira, deputada do PS, escreveu uma carta aberta ao Presidente da República, Cavaco Silva, onde conclui que este não tem alternativa senão dar posse a um Governo formado pela esquerda, com o apoio do PS.

A socialista alega que a atual situação política não tem comparação com a de 1987 e acusa Cavaco de “esquecimento”, por ter omitido nas suas declarações que a razão pela qual esteve 5 meses em gestão: “O seu governo foi alvo de uma moção de censura por parte do PRD sem alternativa de governo maioritário parlamentar, pelo que Mário Soares DISSOLVEU a AR e tivemos eleições legislativas.”

“Eu como primeiro-ministro de um Governo estive cinco meses em gestão”, recordou Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas na Ribeira Brava, de visita à Madeira. Cavaco respondia sobre a urgência de uma tomada de decisão sobre a crise política, e na resposta recordou aos jornalistas para rever também o que aconteceu após a queda do governo de Sócrates, em 2011. Sem quaisquer impedimentos legais foram convocadas novas eleições de imediato. 

Como resposta, Isabel Moreira exortou Cavaco Silva a não “confundir o inconfundível”. Até porque neste momento, ao contrário do que aconteceu em 1987, o Presidente da República não pode dissolver o Parlamento. A deputada deixa ainda dois pedidos a Cavaco Silva: que não crie “normas constitucionais que alegadamente lhe permitem condicionar o novo governo” e que “cumpra a única solução constitucional admissível nas circunstâncias ATUAIS”.

E termina com um apelo ao sentido de estado do Presidente da República, pois considera que é de “elementar grandeza cumprir a lei fundamental mesmo quando desse cumprimento resulte o que pessoalmente não nos agrade.”