Na sequência da erupção vulcânica de novembro de 2014, que destruiu por completo a sede da Adega Cooperativa de Chã das Caldeiras, David Gomes, mais conhecido como “Neves”, transferiu a produção de vinho para a sua casa, numa tentativa de salvar a vindima de 2015.
“A colheita é pouca. É pouca produção, mas para a qualidade do vinho é excelente. As plantas não estavam carregadas de uva e, tecnicamente, quando as plantas têm pouca uva a qualidade do vinho é excelente”, disse David Gomes.
O presidente da Adega Cooperativa de Chã das Caldeiras explicou que toda a colheita de 2014, uma das maiores de sempre, se perdeu quando as instalações da adega foram engolidas pela lava e que a pouca chuva que caiu contribuiu para a pouca produção de uvas este ano. Ainda assim, segundo David Gomes, foi possível produzir algum vinho e salvar a vindima.
O vinho da colheita deste ano irá sofrer um aumento de cerca de 100 escudos (cerca de 0,90 euros) por garrafa, saindo da adega a cerca de 750 escudos (cerca de 7 euros). Nos restaurantes e hotéis da ilha, cada garrafa está a ser vendida a uma média de 20 euros, um preço considerado “muito exagerado” pelo presidente da Adega Cooperativa de Chã das Caldeiras.
Quanto à prometida nova adega, David Gomes explicou que já esteve em Chã das Caldeiras um responsável do Banco de Desenvolvimento Africano (BAD), fazendo votos para que a construção consiga avançar a tempo da vindima de 2016, que, devido à chuva que caiu este ano, promete ser “muito boa”.
“Apenas 2 a 3 por cento da vinha é que foi destruída com a erupção de 2014. Toda a plantação ainda existe e, por isso, estamos a empenhar-nos para ver se nos fazem uma adega definitiva dentro da Chã. As autoridades querem que a adega seja feita fora da Chã, mas para a qualidade do vinho não é o ideal. A temperatura que temos aqui é excelente para o vinho”, disse.
David Gomes adiantou que, com o espaço construído junto à sua casa e com os equipamentos que conseguiram salvar da antiga adega, “deu para desenrascar”, mas que agora é preciso um espaço definitivo o mais depressa possível. “Brevemente vamos por os vinhos branco, tinto e rosé no mercado. Foi um bom trabalho, mas este espaço é insuficiente para toda a uva que vamos ter” em 2016, disse.
A construção da adega é uma das prioridades do Gabinete de Reconstrução do Fogo (GRF), segundo o seu presidente, António Nascimento, que estima que a nova adega deverá estar a funcionar em meados de julho de 2016.