Na passada segunda-feira três jovens, dois espanhóis e um português, com idades entre os 18 e os 20 anos, morreram atropelados por um comboio no apeadeiro de Águas Santas- Palmilheira, que se divide entre os concelhos da Maia e Valongo. O acidente terá ocorrido depois das vítimas terem estado na linha férrea para grafitar uma carruagem tendo sido atingidos por um comboio que vinha em sentido contrário. No local foram encontradas várias latas de tinta utilizadas para o efeito, o que sustenta estas suspeitas. Para além das vítimas estarão envolvidos ainda outros dois jovens que terão fugiram do local antes da chegada das autoridades.

Mas na origem deste acidente estará um desafio que é muitas vezes colocado a jovens que, tais como estes, se dedicam à pintura de carruagens. Segundo conta o Jornal de Notícias (JN) na sua edição impressa desta quarta-feira, o desafio, que é muitas vezes filmado para ser publicado na Internet, é conhecido como “backjump”. Este fenómeno, que está identificado há alguns anos, consiste em movimentações “relâmpago” para pintar as composições enquanto se encontram momentaneamente paradas na estação para recolher e deixar sair os passageiros.

Normalmente os protagonistas destas ações fazem-no com o rosto escondido e gravam as proezas para serem espalhadas no Youtube e nas redes sociais. É também frequente os jovens viajarem de país em país para “colecionarem modelos  de comboios diversificados”, como conta Mr. Deho, um dos mais internacionais autores do país, ao JN. E terá sido esse o caso das duas vítimas espanholas. Para além disso, a PSP encontrou um Seat Ibiza preto de matrícula espanhola nas proximidades do local do acidente.

Este tipo de ações, que é criminalizada tanto em Portugal como em Espanha, é recorrente nas estações ferroviárias portuguesas, e segundo o presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes, em declarações ao JN, só terá resolução “quando a CP colocar redes ou grades no local, impedindo a passagem”. Mas o autarca aponta também como solução a existência “nas imediações, espaços próprios para os jovens grafitarem”.

Foi possível ver, durante o dia desta terça-feira, equipas de reportagem das televisões espanholas TVE e TV Galiza na zona do atropelamento que vitimou os três jovens, dois dos quais de nacionalidade espanhola. Sabe-se que a investigação sobre o caso decorre em coordenação com a PSP do Porto e as autoridades de Espanha, o que despertou também a curiosidade da comunicação social do país vizinho.

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