Tiago Cabaço, Alicante Bouschet 2012 — Alentejo
Tiago Cabaço nasceu e cresceu em Estremoz, no Alentejo, com os olhos e as mãos postas na vinha dos pais. De tanto viver e trabalhar o campo, habituou-se a tratar as videiras por tu. Seria, pois, uma questão de tempo até colocar o seu nome em rótulos próprios: Cabaço produz desde 2004 e, de lá para cá, teve tempo suficiente para se afirmar no mercado e ganhar o respeito de outros produtores — para isso terão contribuído os muitos prémios que acumulou numa mão cheia de anos. Entre os novos lançamentos do ainda jovem produtor está o Alicante Bouschet 2012 (9,99 euros), um monovarietal nascido numa primavera e verão de temperaturas amenas e que, mais tarde, se desenvolveu ao longo de um estágio de 12 meses em barricas de carvalho.
Tyto Alba, Touriga Nacional 2012 — Companhia das Lezírias
É a maior exploração agropecuária e florestal no país, mas nem só de natureza e biodiversidade se faz a Companhia das Lezírias, com quase 180 anos de vida. Atualmente, a vasta propriedade é também ocupada por vinhas que beneficiam da proteção da coruja das torres (conhecida ainda pelo seu nome científico Tyto alba): é a ave de rapina que mantém o equilíbrio do ecossistema das vinhas, uma vez que se alimenta de pequenos mamíferos capazes de destruir as culturas. A homenagear o seu papel de guardiã está o vinho (8,90 euros) que leva no rótulo o nome e os olhos da intrigante coruja. Cada garrafa resulta, por isso, da existência de “vinhas protegidas”, além de ser uma peça de design — a caixa onde o vinho é depositado serve posteriormente de ninho a outros pássaros. E o que dizer do vinho em si? É um monocasta Touriga Nacional, colheita de 2012, estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês e americano e foi produzido em pouca quantidade (6.500 unidades).
Carm, Maria de Lourdes 2008 — Douro
O vinho provém das vinhas biológicas da CARM – Casa Agrícola Roboredo Madeira, empresa familiar criada em 1999 e com raízes em pleno Douro Superior. Os néctares Maria de Lourdes nasceram para homenagear a falecida mãe de Filipe Roboredo Madeira, o administrador da empresa, e viram a luz do dia com uma primeira colheita datada de 2008. Desde então, resultam apenas de anos excecionais, sendo que o último foi 2011. Ainda é relativamente fácil encontrar o primeiro varietal, com 70% Touriga Nacional e 30% Touriga Franca, como por exemplo através do site Vinha, onde está à venda por 23,50 euros.
Ribeiro Santo DOC branco Escolha 2007 — Dão
Nem todos os brancos resistem tão bem ao tempo, com o Escolha 2007 a servir de exceção. Nasceu em terras do Dão, na quinta que lhe deu o nome, e na sua fórmula mágica encontram-se as castas Encruzado e Malvasia Fina. Diz a respetiva ficha técnica que a vindima aconteceu na terceira semana de setembro e que as uvas foram vindimadas manualmente para, depois, serem arrefecidas antes do esmagamento. À data do lançamento do vinho, a Revista de Vinhos dava-lhe 16,5 em 20 e fazia notar “belas notas minerais, citrinas e de maçã fresca, num conjunto fino e elegante”. O vinho com o cunho da empresa Magnum Vinhos esteve recentemente à prova na Adegga Winemarket, a feira de vinhos que regressa em abril (Porto) e em julho (Lisboa) de 2016.
Quinta das Murças Reserva Tinto 2011 — Douro
É a quarta colheita produzida pelo Esporão na propriedade que a empresa comprou ao Douro em 2008, Quinta das Murças. Ainda agora o vinho chegou ao mercado e já chamou à atenção ao arrecadar 94 em 100 pontos, atribuídos recentemente pela revista norte-americana Wine Enthusiast. E foi precisamente entre as páginas do seu Buying Guide que os críticos da publicação descreveram o vinho como “poderoso, com reminiscências de um Porto seco, que demonstra ter densidade e riqueza, com taninos robustos e aromas de envelhecimento em madeira”. O Murças Reserva 2011 é produzido com diversas castas, entre as quais Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinta Barroca e Touriga Nacional, e permaneceu 12 meses em barricas usadas de carvalho francês e americano (o estágio prolongou-se ainda em garrafa).
Carvalhas Tinta Francisca 2011 — Douro
A Revista de Vinhos elogiou-lhe o corpo, falando em “elegância e complexidade”, sem esquecer “os taninos muito finos mas presentes”. A descrição serve de confirmação à nota dada pela publicação portuguesa habitada a consecutivas provas de vinhos: 17,5 em 20. O topo de gama Carvalhas Tinta Francisca 2011 roubou o nome a uma das propriedades mais emblemáticas da Real Companhia Velha — situada na encosta da margem esquerda do rio Douro, a Quinta das Carvalhas encontra-se voltada para o Pinhão. E já antes o Observador dedicara tempo ao vinho que serviu de exemplo para se escrever sobre tintos bebidos mais frescos (neste caso, aos 14 graus). Mas como o frio ainda se faz sentir na rua, ou até mesmo entre portas, o importante é referir que a casta Tinta Francisca é “mais aromática e menos encorpada, com taninos mais suaves”, tal como argumentava à data o enólogo Jorge Moreira.
Casal Figueira António Branco 2013 — Região de Lisboa
Chama-se António em homenagem ao homem e produtor que, no auge dos seus 43 anos, morreu de ataque cardíaco enquanto pisava as uvas. Passaram-se alguns anos desde que a agora viúva Marta Soares decidiu dar continuidade ao projeto que não era seu de raiz, ela que em tempos desejou seguir para Nova Iorque atrás de uma carreira de artista. Mas foi por cá que Soares ficou, a dar vida aos vinhos da propriedade Casal Figueira, na região vitivinícola de Lisboa. O António Branco 2013 é prova disso: é produzido a partir de vinhas velhas de Vital, casta praticamente desconhecida que beneficia de um clima atlântico e do solo calcário. Disponível na página dá garrafeira Estado Líquido por 15 euros a unidade.
Muros de Melgaço Alvarinho 2014 — Região dos Vinhos Verdes
Surge a representar a região dos Vinhos Verdes mas dá nas vistas por si só. Exemplo disso é o facto de ter sido um dos vencedores — na categoria de brancos — do concurso de vinhos “A Escolha da Imprensa”, organizado pela Revista de Vinhos no âmbito do Encontro com o Vinho e Sabores 2015. O monocasta Alvarinho é da autoria de Anselmo Mendes, produtor que cresceu entre as vinhas de Monção para adorar a respetiva casta (não que por isso perca o amor a trabalhar regiões tão díspares como os Açores). O vinho encontra-se disponível no site da Garrafeira Nacional por 13,25 euros.
Preto Branco Reserva Tinto 2008, Quinta do Encontro — Bairrada
Touriga Nacional, Bical e Baga. O trio não é propriamente recorrente, tendo em conta que na composição do vinho estão duas castas tintas e uma branca (Bical). O resultado final funciona quase como uma equação matemática pensada ao pormenor: tinta + tinta + branca = tinto. O vinho foi produzido na Quinta do Encontro, na Bairrada, a qual leva o rótulo “adega de design” desde que foi construída e projetada na forma de uma barrica — e como se mais alusões ao vinho fossem precisas, no interior a deslocação faz-se num percurso em espiral que pretende reproduzir o fuso do saca-rolhas. Lê-se ainda na página da respetiva propriedade que o vinho é de uma “cor rubi intensa, com aroma a notas de frutos vermelhos e secos”, além de ser o amante perfeito de carnes vermelhas estufadas ou grelhadas e ainda de queijos bem estruturados.
Vicentino Sauvignon Blanc 2014 — Costa Vicentina
No rótulo lê-se “vinhas da costa atlântica” e não é para menos. O Vicentino monocasta, colheita de 2014, tem código postal associado à Costa Vicentina e é proveniente de Brejo Redondo, São Teotónio, Alentejo. Se em colheitas anteriores as uvas do seu produtor destinavam-se ao Cortes de Cima Sauvignon Blanc, desta vez assistiu-se à vinificação de um vinho próprio que, segundo o blogue Adega dos Leigos, é “intenso” e de um “aroma cativante”. O vinho ronda os 10 euros.