Nem José Ribeiro e Castro, nem Filipe Anacoreta Correia anunciam já que querem avançar para a liderança do CDS, mas nenhum fecha a porta. Para o primeiro, a saída de Portas “é deplorável” e pretende influenciar o próximo ciclo político no partido, o segundo considera que o anúncio do líder se tratou de “uma surpresa esperada” e elogia a decisão.
Sobre a sua própria candidatura, Ribeiro e Castro diz que “é muito cedo” para falar sobre isso frisando que todo o processo “não começou bem”. Este centrista foi líder do CDS entre 2005 e 2007 e já afirmou que não tencionava voltar a candidatar-se ao cargo. Agora, contudo, não fecha definitivamente a porta.
“O partido está mais amadurecido do que em 2005 [quando Portas saiu da liderança] e há vontade preparar um novo processo”, afirmou Anacoreta Correia ao Observador sem dizer se vai avançar já no Congresso que se deverá realizar em abril. No entanto, admitiu que a notícia está a fazer “mexer o partido” e que tem recebido “alguns telefonemas”. Mas se Anacoreta Correia considera o comportamento de Portas como “um ato de maturidade política”, já Ribeiro e Castro condena a oportunidade da decisão e não toma a decisão com definitiva.
“Não é a primeira vez que isto acontece, vamos ver como acaba”, disse o antigo líder do CDS ao Observador, lembrando o interregno de Portas na liderança do partido entre 2005 e 2007 – e que corresponde ao seu período à frente do CDS. Para Ribeiro e Castro, esta decisão de Portas não se recandidatar faz lembrar a crise de julho de 2013 em versão interna, mas vem na pior altura. “O momento é desadequado e vai contra a obrigação de conduzir o partido a um novo ciclo político. Este próximo ciclo político já está formatado nas condições que Paulo Portas quis”, afirma, considerando que apesar de haver seis possíveis sucessores à liderança, não há uma figura que se destaque.
Sem adiantar também qualquer pista sobre a sua candidatura, Anacoreta Correia mantém que Paulo Portas tinha “legitimidade para ficar”, depois de ganhar as eleições, mas se não fez mostrou “maturidade e leitura política”. O centrista afirma ter sido “muito crítico da estratégia seguida pelo partido” durante os anos de governação de Portas com Passos Coelho, mas que “ultimamente havia congruência nas opções do partido”.
Já Ribeiro e Castro é da opinião que PSD e CDS não ganharam as eleições e que a demissão de Paulo Portas é o maior indicador disso mesmo, questionando-se se isto aconteceria caso o XX Governo se tivesse conseguido manter em funções. O antigo líder do CDS afirma ainda que esta demissão antes das presidenciais “é deplorável” e deixa o partido sem orientação nestas eleições. “O que era necessário era restituir o funcionamento normal do partido e que houvesse a libertação do seu interior. O partido desabituou-se de falar e de ouvir os militantes”, rematou o antigo líder.