A obesidade é um problema crescente para a população mundial: em Portugal, mais de metade dos adultos sofria de excesso de peso em 2014 (e a taxa de obesidade por cá está mesmo entre as mais altas da União Europeia). No mundo, o problema é o mesmo, às vezes com proporções maiores. Já o futuro parece negro: a consultora McKinsley, por exemplo, estima que em 2030 mais de metade da população mundial sofra de obesidade.
A investigação científica está atenta ao problema: e muitos cientistas estão a direcionar esforços no sentido de evitar a doença, que provoca cada vez mais mortes, através de doenças cardiovasculares, por exemplo. O jornal El País fez uma lista com as investigações mais recentes sobre o tema: nem todas foram ratificadas ou sequer já testadas em humanos, mas refletem a preocupação da ciência com o tema.
1 – O queijo é bom?
Não bastasse a notícia de que o fiambre é um dos alimentos que, se excessivamente consumido, pode provocar cancro, parece que há ainda outra razão para o substituir pelo queijo. É que, ao que parece, o queijo é o crème de la crème dos alimentos adelgaçantes. Quem o diz é o El País, que cita um estudo recente, feito em conjunto pelas universidades de Aarhus e de Copenhaga, que se preocuparam em perceber quais são os melhores alimentos para combater o excesso de peso.
Os investigadores dinamarqueses decidiram comparar amostras de urina e de fezes de vários homens, consumidores habituais de leite, manteiga e queijo: e descobriram que aqueles que comiam mais queijo desenvolviam um tipo de bactérias singulares nos seus intestinos. Estas bactérias, perceberam, produzem um ácido gordo que favorece um melhor funcionamento do metabolismo, que mantém o equilíbrio da gordura corporal e que previne a obesidade. Os resultados, contudo, ainda têm de ser confirmados e publicados.
2 – Comprimido de “comida imaginária”: uma realidade para quando?
Este comprimido de “comida imaginária” faz o organismo “acreditar” que quem o ingere acaba de fazer uma refeição normal, quando na realidade está apenas a ingerir um comprimido que não fornece uma única caloria – e que ainda diminui as quantidades de açúcar e colesterol no sangue.
O medicamento já foi testado com ratos de laboratório por uma equipa de investigadores liderada por Ronald Evans, diretor do Laboratório de Expressão Genética de Salk, da Califórnia (EUA). E os resultados já foram publicados no primeiro mês de 2015, na revista Nature Medicine.
O comprimido “transmite o mesmo tipo de sinais normalmente desencadeados quando comemos muita comida, portanto o corpo começa a libertar espaço para a acumular. Mas não há calorias nem alterações no apetite”, explica Ronald Evans, num comunicado enviado à imprensa.
Uma das vantagens deste comprimido, segundo o El País, é que é absorvido apenas pelo intestino – não passa para a corrente sanguínea, evitando danos colaterais. O medicamento, contudo, ainda está a ser investigado, e ainda terá de ser testado em humanos.
3 – A bactéria que suprime o apetite: já está a ser testada
Os cientistas já sabiam que existem diferentes tipos de bactérias responsáveis pela decomposição dos alimentos, pela produção de algumas vitaminas e por manter à distância todo um conjunto de micróbios nocivos. O passo seguinte foi dado agora: uma investigação liderada pelo professor de farmacologia Sean Davies, da universidade de Vanderbilt, desenhou uma bactéria intestinal capaz de suprimir o apetite.
A bactéria em questão liberta um lípido que cria uma sensação de saciedade. Para já, foi bem-sucedida nas provas experimentais, e começou agora mesmo a ser testada por humanos, segundo o El País. Caso a investigação se materialize, e fique disponível para os humanos, esta poderá ser mais uma das ferramentas de combate à obesidade.
4 – É mais importante reduzir os hidratos de carbono do que as gorduras
Os investigadores da Escola de Medicina de Harvard, preocupados com as dificuldades de muitas pessoas com excesso de peso em emagrecer, decidiram investigar qual o melhor método para o fazer. A equipa de investigadores percebeu, ao analisar os resultados de cinco estudos diferentes (que envolveram uma amostra de mais de 65 mil pessoas), que o mais eficiente é mesmo cortar nos hidratos de carbono, relata o El País.
Os resultados foram publicados na revista The Lancet, e afirmam que para perder peso a estratégia mais eficaz é cortar em alimentos como “a massa, as batatas e o arroz”. De qualquer forma, defendem estes especialistas, para combater este problema crescente é mesmo obrigatório ter uma dieta equilibrada.
5 – Água antes das refeições pode ajudar
Outra coisa importante para emagrecer, que muitos sabem mas de que também muitos se esquecem, é a importância de beber água. Um grupo de investigadores da universidade de Birmingham (Reino Unido) chegou à conclusão que beber meio litro de água, meia hora antes das refeições, ajuda a reduzir o apetite, diminuindo assim a quantidade de gorduras e hidratos de carbono que se ingerem numa refeição.
Os testes foram feitos com um grupo de adultos obesos, durante um período de 12 semanas. Uma parte destes adultos foi submetida à técnica, e, segundo o El País, os resultados foram significativos: em apenas três meses, os que ingeriram meio litro de água antes das refeições perderam mais 1,5 quilogramas que os restantes.
6 – Quando comemos também é essencial
Uma equipa liderada por Satchidananda Panda, médico do Instituto Salk para Estudos Biológicos, decidiu investigar se o período de refeições durante o dia também interfere no aumento do peso e no problema da obesidade. Em testes feitos com ratos de laboratório, este especialista descobriu que aqueles que comem apenas durante uma janela temporal de 8 a 9 horas diárias não desenvolvem nem diabetes nem obesidade.
Se a conclusão for confirmada em humanos, a informação pode permitir um combate mais eficiente aos problemas relacionados com o excesso de peso: para tal, porém, as pessoas terão também de adaptar os seus horários diários.
7 – Um comprimido que diminui o peso sem alterar o metabolismo
Outra das inovações que estão neste momento a ser testadas pelos investigadores é um comprimido que provoca uma diminuição do peso corporal, sem alterar o funcionamento normal do metabolismo (o que é incomum em medicamentos do género).
O comprimido está neste momento a ser testado em animais, segundo revelou a revista “Cell Metabolism”, que o El País cita. Os investigadores descobriram a existência de um supressor chamado PTEN, que além de proteger o corpo humano de novos tumores cancerígenos (a investigação inicial dos especialistas focava-se na área oncológica), regula uma enzima chamada P13K, que faz adelgaçar.
Esta, atendendo aos resultados obtidos em animais de laboratório, provoca uma redução de peso até perto dos 20%, em cerca de 51 dias, sem que implique contudo qualquer perda de massa muscular ou enfraquecimento da estrutura óssea. Caso seja considerado seguro para ser aplicado em humanos, o medicamento pode ser particularmente útil aos que sofrem de obesidade, para quem 20% do peso corporal implica uma redução muito significativa de peso.