Ao Governo o que é do Governo. É esta a ideia dos candidatos presidenciais sobre a redução do horário de trabalho para os funcionários públicos. Mas se Marcelo Rebelo de Sousa fala das contas públicas, dizendo que o Governo “deve estar a fazer contas à vida”, os outros nem por aí vão. O social-democrata e Sampaio da Nóvoa acreditam num compromisso entre sindicatos e Governo e Maria de Belém chuta para António Costa.

Marcelo Rebelo de Sousa não esclarece se concorda ou não com a reposição nas 35 horas de trabalho. Diz que “é natural que o Governo queira cumprir esse compromisso”, mas que cumprir uma promessa tem os seus custos.

“Deve estar a fazer contas à vida para saber o que custa em termos orçamentais. No fundo essa reposição significa dinheiro e o Governo deve estar a fazer contas e estudos, dá para ser só a partir de julho?”. Conclusão: “É a utopia moderada pela realidade”, acrescenta quando questionado pelos jornalistas.

Marcelo referia-se ao facto de os sindicatos da função pública ameaçarem com greves caso a medida não entre em vigor rapidamente, e de o PCP e BE quererem o mesmo, de haver a intenção do Governo de aplicar só a partir de julho.

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“Há uma divergência de aplicação no tempo. O governo tenta aplicar só partir de julho e os sindicatos de aplicarem imediatamente. Acho que se vai chegar a uma negociação e a um acordo. No fundo é entre janeiro/fevereiro e julho com o orçamento pelo meio. Provavelmente chega-se a acordo”, acredita.

Sampaio da Nóvoa aguarda “que esses entendimentos se concretizem” e leva a questão para os consensos. O candidato prefere não dar opinião sobre o que se discute, em vez disso fala de compromissos: “Vamos acreditar que se vão construindo os compromissos. Os compromissos são difíceis, os acordos são difíceis, mas é para isso também que é preciso persistência, determinação, convicções. E as coisas vão acontecer”, disse.

O candidato disse ainda que a cultura de negociação e compromisso é “o melhor” que está a acontecer ao país. “Temos de acompanhar a situação sempre com muito cuidado”, refere o antigo reitor.

Já Maria de Belém separa as águas. “É matéria de governação” e ponto final. A candidata socialista não quer opinar sobre a possibilidade de greves nem sobre o papel que um Presidente da República deve ter nestes casos. “É matéria de compromissos assumidos pelo Governo com outras forças partidárias. Eu acho que a candidata a Presidente da República não tem de estar a opinar sobre tudo e todas as coisas, nomeadamente quando são matérias de governação”.