No dia 11 de julho de 2015, “El Chapo” Guzmán, o maior narcotraficante do mundo, protagonizava uma fuga digna de filme da prisão de segurança máxima de Altiplano e enchia as capas de jornais por todo o mundo – o mexicano construiu um túnel que começava no duche da sua cela, com cerca 1,5 quilómetros, e foi-se embora. E esta nem era a sua primeira fuga. A primeira acontecera em 2001 quando já lá estava há 14 anos, e saiu escondido numa carrinha da lavandaria. Ambas, é claro, com umas ‘ajudinhas’ internas.
O homem mais procurado mo México acabou por ser outra vez capturado no passado dia 8. Uma captura anunciada pelo próprio presidente mexicano Enrique Peña Nieto, no Twitter: “Missão cumprida: apanhámo-lo. Quero informar os mexicanos que Joaquín Guzmán Loera foi detido”. Diz-se que foi por causa de uma denúncia anónima que permitiu localizar o barão da droga de Sinaloa e proceder à invasão da casa onde se escondia Guzmán. Anónima e também feminina. Porque as mulheres têm sido a sua perdição.
Kate del Castillo, Sean Penn e o caminho até El Chapo
Porque terá sido muito mais do que uma simples de denúncia anónima que permitiu às autoridades mexicanas alcançarem o narcotraficante. Os serviços de inteligência do Governo do México terão seguido o rasto da atriz Kate del Castillo para localizar El Chapo.
Sabe-se que del Castillo tinha uma relação próxima com o homem mais procurado do país. Foi ela que inclusivamente que juntou o americano Sean Penn e Guzmán para uma entrevista na revista Rolling Stone. Agora surgiram fotografias, que o El Pais publica, das pisadas da mulher no período que antecedeu a detenção de Chapo e que terão contribuído para a posterior recaptura do traficante.
Há muitas mensagens trocadas entre ambos, algumas não deixam dúvidas: “Cuidarei de ti mais do que dos meus olhos”, diz-lhe ele às tantas”. A primeira mensagem entre ambos aconteceu no dia 25 de setembro do ano passado. Mas o diálogo durou quase quatro horas. Começou às 20h10 e só teve fim às 23h58. Usavam nicknames, como: Olvidado, Papá, M y Lic Oscar. El Chapo trata-a como “amiga”, diz-lhe que tem “muitas saudades” de a “cumprimentar pessoalmente”. Ela agradece e diz-lhe “Toca-me quando dizes que vais cuidar de mim, nunca ninguém cuidou de mim, obrigada”.
A perdição fatal de El Chapo: as mulheres
Toda a história do narcotraficante de Sinaloa podia, e provavelmente vai dar, um filme. E nas produções policiais ao estilo de Hollywood é frequente ouvir os investigadores afirmarem que até os maiores criminosos cometem erros. E todos eles têm aquela fragilidade que os leva, mais cedo ou mais tarde, a cometerem o erro fatal. El Chapo Guzmán não fugia à regra.
Segundo conta a BBC, as pessoas mais próximas do mexicano contam que a grande perdição de Joaquim Guzmán eram as mulheres. Chapo derretia-se de tal maneira com o sexo oposto que terá sido detido duas vezes por elas.
As autoridades sabiam desta admiração. E, por isso, as forças especiais da Secretaria da Marinha e da Polícia Federal mexicana tinham como método seguir os movimentos da companheira mais recente do patrão de Sinaloa.
A primeira vez em que essa situação ficou evidenciada foi em fevereiro de 2014. Na altura, El Chapo voltou a ser detido quando se ia encontrar com uma das suas mulheres e com duas das suas filhas no município de Mazatlán, em Sinaloa.
A segunda vez que o narcotraficante foi apanhado, e a mais recente, deveu-se ao caminho que outra mulher fez até ele. E, neste caso, foi o de Kate del Castillo. A atriz terá estendido, involuntariamente, a passadeira até ao então fugitivo às autoridades mexicanas. No entanto, os dois nunca se terão envolvido – pelo menos não existem informações nesse sentido.
Legalmente Guzmán casou-se três vezes, com Alejandrina Salazar, Griselda López Pérez e Emma Coronel. Mas isto é o que se conhece oficialmente, porque outras informações dão conta que o mexicano teve muito mais mulheres: a revista mexicana ‘Proceso’, por exemplo, diz que teve 18 filhos de 7 mulheres diferentes.
No entanto o casamento e as relações não eram a única via para chegar às mulheres. A contratação de serviços sexuais, prática comum do líder do cartel de Sinaloa, quase provocou uma outra detenção em 2012 em Los Cabos no estado mexicano da Baja California: Chapo contratou os serviços de uma mulher para uma mansão e a Polícia Federal estava à espreita. Não tivesse o barão fugido poucos minutos antes da chegada das autoridades e tinham sido três as vezes que uma detenção tinha sido provocada por causa delas. Mais tarde a Procuradoria admitiu que uma fuga de informação impediu a captura.
Um dado curioso e, ao mesmo tempo, elucidativo desta atração foi, como relata a BBC, o facto de, depois da recaptura de El Chapo pelas forças especiais mexicanas, os militares terem encontrado na casa que lhe servia de refúgio uma fatura de farmácia com o registo de compra de vários medicamentos para melhorar o rendimento sexual.
O último abrigo de El Chapo depois da recaptura
A operação de captura de Joaquin Guzman mais parecia uma investida militar em tempos de guerra. Os militares transportavam câmaras nos capacetes, o que permitiu que tudo ficasse filmado.
Um violento tiroteio entre as autoridades e os guardas que protegiam o esconderijo do traficante deixou a casa completamente destruída. Se o vídeo da operação é elucidativa da violência do tiroteio, as fotografias recolhidas pela jornalista da BBC Mary Watson momentos depois não lhe fica atrás: