O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou esta terça-feira as previsões para o crescimento global, antecipando que a economia cresça 3,4% este ano e 3,6% no próximo, menos duas décimas do que o previsto em outubro, respetivamente. Mas o organismo está mais otimista para a zona euro, prevendo uma expansão de 1,7% do PIB – impulsionada pela Alemanha e Espanha.

Na atualização ao World Economic Outlook, hoje divulgada, o FMI justifica esta revisão em baixa do crescimento mundial de duas décimas tanto em 2016 como em 2017 sobretudo com o desempenho económico dos mercados emergentes e das economias em desenvolvimento. O Fundo piorou também as projeções para as economias desenvolvidas, que deverão crescer 2,1% tanto em 2016 como em 2017, ou seja, menos 0,1 pontos percentuais do que o estimado em outubro, uma previsão que se deve sobretudo aos Estados Unidos da América.

Os Estados Unidos deverão crescer 2,6% tanto em 2016 como em 2017 (uma revisão em baixa de 0,2 pontos percentuais), sublinhando o FMI que a atividade económica “se mantém resiliente”, apoiada pelas “condições financeiras ainda acomodatícias” e pelo reforço dos mercados imobiliário e do trabalho, mas com “a valorização do dólar a pesar na atividade industrial e com os baixos preços do petróleo a penalizar o investimento em estruturas mineiras e equipamento”.

A zona euro deverá crescer no seu conjunto 1,7% este ano e no próximo, o que se traduz numa melhoria ligeira de 0,1 pontos percentuais em 2016 e uma manutenção da projeção para o próximo ano. A economia alemã deverá crescer 1,7% em 2016 e 2017, mais uma décima do que o previsto para 2016 e mais duas décimas do que a estimativa anterior para 2017.

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Já a economia espanhola deverá crescer 2,7% este ano e 2,3% em 2017, também mais do que o anteriormente previsto.

A instituição liderada por Christine Lagarde refere que, no caso dos países da moeda única europeia, “o consumo privado mais forte apoiado pelos baixos preços do petróleo e pelas condições financeiras facilitadas está a compensar o enfraquecimento das exportações líquidas”.

Ainda dentro dos países desenvolvidos, o Japão, cuja economia cresceu 0,6% em 2015, deverá crescer 1% este ano (mantendo-se a previsão de outubro) e abrandar o ritmo de crescimento em 2017, para os 0,3% (uma revisão em baixa de 0,1 pontos percentuais face a outubro).

O Fundo indica que o desempenho económico em 2016 será impulsionado pela frente orçamental, pelos baixos preços do petróleo, pelas condições financeiras acomodatícias e pelo aumento dos rendimentos.

O FMI alerta que, “a menos que as transições chave na economia mundial sejam realizadas com sucesso, o crescimento global pode derrapar” e elenca uma série de riscos negativos, nomeadamente “um abrandamento mais forte do que o esperado na China”, “efeitos adversos nos balanços e no financiamento das empresas” devido a uma maior valorização do dólar e à restrição gradual das condições de financiamento, “um aumento inesperado da aversão ao risco” e “uma escalada das tensões geopolíticas em curso”.