O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, anunciou, esta quarta-feira, no Parlamento, que está a estudar com os parceiros do setor uma forma de alguns médicos que aceitem ir trabalhar para hospitais em zonas mais carenciadas poderem progredir mais rapidamente na carreira.

“Estamos a construir um modelo que permita que, por exemplo, estes profissionais possam progredir mais rapidamente na sua carreira profissional e isso possa funcionar a par de alguma compensação naturalmente remuneratória para que finalmente o interior e o Algarve possam ter o nível de resposta que as populações merecem”, explicou o governante, à margem da audição na Comissão de Saúde.

A explicação chegou depois de, na audição, Adalberto Campos Fernandes ter dito que estava a ser estudada uma forma de incentivo que permita “que um médico especialista de cardiologia, por exemplo, chegue a chefe de serviço mais rápido porque trabalhou no Algarve”.

Os trabalhos de análise e o diálogo com Ordem e sindicatos estarão terminados até ao final do primeiro trimestre e será então “apresentado e anunciado o processo legislativo adequado”, se possível para “aplicar este ano”. “Tudo faremos para que ainda este ano haja medidas.”

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Em causa estão hospitais na zona do Algarve, mas também na Guarda, Castelo Branco e Trás-os-Montes.

Lembre-se que já o anterior Governo legislou, no ano passado, um conjunto de incentivos à mobilidade dos médicos para zonas carenciadas, entre os quais mais dois dias de férias e um suplemento salarial.

Governo quer que médicos voltem a fazer noites a partir dos 50 e urgências a partir dos 55

O ministro prometeu ainda intervir nas urgências hospitalares. “Tudo faremos para que os médicos mais experientes não peçam para deixar de fazer noites, nem urgências. O segredo de uma urgência é a experiência. E não perceber isto é não perceber o que é um SNS seguro”, revelou Adalberto Campos Fernandes, na primeira audição enquanto ministro da saúde, no Parlamento.

Aos jornalistas, o titular da pasta da saúde disse que “seria muito importante que estes médicos que representam o principal ativo em termos de capital humano e que ao longo dos anos foram a reserva de garantia de segurança clínica reconsiderassem e alguns deles pudessem voltar a fazer serviço de urgência. É um objetivo que vamos prosseguir”. Em causa estão os médicos que, a partir dos 50 anos, podem pedir dispensa das noites e a partir dos 55 anos não são obrigados a fazer urgências nem de noite nem de dia.

E como vai conseguir isso, foi a pergunta que se impôs? “A reposição remuneratória vai ajudar, já é um incentivo. Mas há também a nova forma de organização das urgências”, que está a ser estudada, como já tinha sido anunciado.

Adalberto Campos Fernandes sublinhou ainda que Portugal “tem a maior taxa de utilização de urgências da OCDE”. São mais de seis milhões de urgências, o que é “insustentável”. “Se reduzíssemos em 10% as urgências, seriam menos 600 mil, que, em preços médios, custam 48 milhões de euros por ano”. Isto poderá ser conseguido com uma aposta nos cuidados de proximidade.

Além disso, garantiu o ministro, “tudo faremos para disciplinar este mercado de trabalho especializado através de empresas” a que se recorre com frequência nas urgências hospitalares.