O Parlamento aprovou esta sexta-feira a criação de uma comissão de inquérito parlamentar ao caso Banif. O texto apresentado pela esquerda (PS, PCP, BE e PEV) foi aprovado por unanimidade, merecendo mesmo os votos a favor dos partidos da direita. A proposta dos sociais-democratas de realizar também uma auditoria externa independente, a par da comissão de inquérito, foi no entanto chumbada pela maioria parlamentar. No final, o Bloco de Esquerda afirmou que iria pedir essa mesma auditoria.

Em cima da mesa estavam três iniciativas legislativas autónomas, uma do PSD, outra do CDS e outra assinada pelos quatro partidos da esquerda, com diferentes considerandos mas todas com o objetivo comum de constituir uma comissão de inquérito. As propostas do PSD e do CDS contaram apenas com o voto a favor destas duas bancadas e do deputado do PAN, com a esquerda a votar contra. Já a proposta da esquerda mereceu o voto a favor de todas as bancadas sem exceção.

Destino diferente teve o pedido de realizar uma auditoria externa independente, feito pelo PSD, que foi chumbado pelo PS, PCP, BE e PEV. No final, numa declaração de voto oral, o deputado socialista João Galamba justificou o chumbo explicando que “não queremos substituir a comissão de inquérito por uma auditoria externa, precisamente porque valorizamos o trabalho da comissão de inquérito e dos deputados”, disse. Antes, também Mariana Mortágua e Miguel Tiago tinham argumentado que nas anteriores comissões de inquérito, como a do BES, a auditoria serviu como “desculpa” para “adiar tudo escondendo-se no pretexto de estar à espera dos resultados da auditoria”.

Mas o social-democrata Leitão Amaro não se ficou, argumentando que cada coisa em seu lugar: “à política o que é da política, ao juízo técnico e especializado independente o que é do juízo técnico especializado e independente”.

Em todo o caso, a deputada bloquista Mariana Mortágua anunciou que o BE “a primeira iniciativa que o BE vai ter depois de constituída a comissão de inquérito é propor a realização de uma auditoria externa”.

Do lado do CDS, o deputado João Almeida sublinhou que a bancada centrista votou a favor “de todas as propostas”, independentemente dos considerandos, por que querer entrar num “jogo de passa culpas”.

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