O primeiro-ministro britânico impôs novas exigências nas negociações para evitar uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE), ao considerar hoje “insuficientes” os progressos registados e antes que os representantes de Bruxelas avancem com as suas propostas.
“Hoje fizemos progressos, mas não é suficiente, vai ser difícil”, declarou o primeiro-ministro britânico à cadeia televisiva Sky News, após um almoço de trabalho em Bruxelas com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
“Se o acordo for bom, aceito-o, se não for, não o aceito”, preveniu.
“A reunião foi difícil mas construtiva, o trabalho prossegue”, referiram por sua vez círculos próximos de Juncker, citados pela agência noticiosa France-Presse (AFP).
Antes da partida para Bruxelas, Cameron considerou “interessantes” as respostas recentemente enviadas pelos representantes europeus ao seu pedido de reformas da União Europeia na decisiva área da imigração.
Reeleito em maio de 2015, Cameron prometeu organizar até ao final de 2017 um referendo que poderá implicar um “Brexit”, a saída do seu país da UE, com o risco de provocar uma nova e grave crise na União.
O primeiro-ministro britânico exige aos parceiros europeus reformas em quatro setores, com a mais controversa a pretender desencorajar a imigração entre os diversos países da União, em particular nos Estados do leste.
Cameron pretende impor uma moratória de quatro anos antes da concessão de ajudas sociais a imigrantes provenientes da UE que pretendem trabalhar no Reino Unido, mas esta exigência, considerada “discriminatória”, é contrária à livre circulação de bens e pessoas, um princípio fundador da União Europeia.
As divergências referem-se designadamente ao mecanismo de “paragem de emergência” no caso de os serviços públicos britânicos ficarem superlotados ou se a segurança social britânica for alvo de repetidos abusos.
Em Londres, esta iniciativa foi qualificada pelo deputado eurocético John Redwood de “piada de mau gosto”.
As sondagens fornecem atualmente uma curta vantagem aos apoiantes do “Brexit” (contração de “British Exit”, a saída britânica da UE). Cameron anunciou no início de janeiro que os membros do seu Governo — incluindo alguns ministros assumidamente eurocéticos –, seriam livres de fazer campanha a favor ou contra durante a campanha do referendo.
A consulta poderá ser organizada a partir de junho, caso não seja garantido um acordo entre Londres e os restantes 27 Estados-membros sobre as reivindicações britânicas no decurso da cimeira europeia prevista para 18 e 19 de fevereiro em Bruxelas.