A Dolce & Gabbana continua a dar nas vistas ao querer enfatizar a beleza em todas as idades e papéis de uma mulher. Exemplos disso não faltam: se para a campanha de primavera/verão 2015 sentou três senhoras de idade com os acessórios da marca ao colo, pouco tempo depois dedicava todo um desfile às mães. Agora, foi a vez de fazer regressar à ribalta a eterna musa Sophia Loren.
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O motivo é nada mais, nada menos, do que a nova fragrância, já batizada de Dolce Rosa Excelsa. Para a pôr nas bocas (e narizes) de toda a gente, o duo Domenico Dolce e Stefano Gabbana pensou num vídeo promocional protagonizado por aquela que foi (e é) uma das grandes atrizes italianas de todos os tempos. Aos 81 anos, Loren invade o ecrã na companhia de cinco modelos que interpretam os seus filhos, sendo ela uma chefe de família muito convincente e cheia de pinta.
A curta-metragem tem o cunho do realizador italiano Giuseppe Tornatore, já vencedor de um Óscar, e mostra a respetiva família a restaurar uma villa siciliana. As renovações exigem a orientação de Loren e o esforço físico dos filhos que se despem diante da câmara.
A decisão da Dolce & Gabbana em escolher Sophia Loren reflete uma tendência que vai para além da sua linha editorial. Um pouco por todo o mundo da moda verifica-se a presença de ícones na terceira idade na promoção de marcas de luxo: já antes a Céline fazia da escritora norte-americana Joan Didion a cara da sua nova campanha, em janeiro do ano passado, ao mesmo tempo que a francesa Saint Laurent associava Joni Michell, então com 71 anos, ao Saint Laurent Music Project.
#SaintLaurent has Joni Mitchell, #Céline has Joan Didion. @Chanel, I am waiting and ready. pic.twitter.com/ThQ3V9wxU8
— Lee Radziwill (@RadziwillLee) January 31, 2016
Sobre o fim da eterna juventude no universo da moda — e o reconhecimento dos cabelos brancos e das rugas –, Carolyn Mair, especialista em Psicologia aplicada à moda e professora na universidade London College of Fashion no Reino Unido, chegou a dizer ao Observador:
Estamos a ver algumas mudanças na indústria da moda relativamente a diversidade. No entanto, estas mudanças são raras e frequentemente estereotipadas. Temos alguns ‘ícones’ mais velhos que são usados para promover produtos de beleza, mas as imagens são alteradas digitalmente para remover quaisquer sinais de idade.
Não obstante, há também fashionistas que, mesmo depois dos 60 anos, estão a abrir as portas à diversidade de idades no mundo da moda, das quais são exemplo Iris Apfel e Linda Rodin.