Foi na residência do embaixador americano em Lisboa que a administração e acionistas privados da TAP anunciaram mais duas rotas para os Estados Unidos, uma para Nova Iorque (aeroporto JFK) e outra para Boston (aeroporto de Logan).
As novas rotas são mais um passo na estratégia da transportadora que já tinha anunciado planos para reforçar substancialmente a oferta para os Estados Unidos. Fernando Pinto, presidente executivo da TAP, diz que este processo está a ser desenvolvido, step by step (passo a passo) e que o lançamento de mais destinos americanos aguarda pela chegada dos novos aviões, os A 321, que só deverão ser entregues a partir de 2017 e 2018.
Numa conferência em que quase todas as perguntas foram sobre a inédita decisão da ANAC (Autoridade Nacional de Aviação Civil) e os seus efeitos na gestão da TAP, Fernando Pinto voltou a usar a expressão “step by step” para qualificar o que se passa na privatização. E reconheceu uma das etapas que tem de ser aprovada pelo regulador é o plano de recapitalização que previa já a injeção de 120 milhões de euros na companhia.
O empréstimo obrigacionista ficou sem efeito, para já, depois da deliberação da ANAC que limita a autonomia da companhia, até que seja tomada uma decisão final sobre a legalidade da venda de 61% da empresa (50% na versão do acordo feito com o governo) ao consórcio Gateway.
Fernando Pinto confirma que esta etapa do investimento privado tem de ser aprovada pelo regulador, quando questionado sobre se a operação já tinha sido realizada. O gestor acrescenta que foi apresentada documentação pedida e que as negociações com a ANAC prosseguem no bom caminho.
A ANAC terá ainda de se pronunciar, ou pelo menos tomar conhecimento, das novas rotas para os Estados Unidos, mas a transportadora acredita que não haverá obstáculos.
Numa cerimónia onde estavam também David Neeleman e Humberto Pedrosa, que não participaram na conferência, não houve mais esclarecimentos sobre os fundamentos que estão por trás da decisão da ANAC de sujeitar decisões extraordinárias da TAP e dos seus acionistas sua autorização durante três meses.
O regulador português tem dúvidas fundadas sobre o cumprimento do regulamento europeu que impõe um limite de 49% aos investidores não europeus em companhias aéreas. Uma dúvida que não impediu os novos acionistas de escolherem a residência do embaixador americano, a mesma nacionalidade de David Neeleman, o investidor não europeu da TAP, para realizar esta conferência de imprensa.
Perante tantas perguntas sobre as implicações e dúvidas levantadas pela privatização da transportadora portuguesa, Robert Sherman, o embaixador americano em Portugal, fez questão de deixar a nota. “Não se deve subestimar a importância do que a TAP está a fazer pelo país”, referindo a deslocação recente de vários cientistas e investigadores americanos a Portugal para conhecer o que se faz nas áreas da biotecnologia e outras tecnologias de ponta.
Em Portugal “há inovação, mas não há capital e há necessidade de capital”. O embaixador sublinhou que é preciso juntar o dinheiro americano com a tecnologia portuguesa.
Robert Sherman realçou ainda a descoberta de Portugal pelos americanos, referindo que o país aparece num top dez dos destinos mais procurados pelos. Fernando Pinto adianta que o número de reservas feito para estes voos é já de milhares e está muito acima das expectativas, referindo que quase 90% destas reservas foram feitas nos Estados Unidos e cerca de 70% têm como destino final Portugal, Lisboa e Porto.