Sete rapazes com idades entre os 14 e 16 anos foram violados nos últimos seis meses, conta o Independent. A informação foi dada por voluntários no terreno, que têm alertado para a falta de segurança das crianças, muitas delas sozinhas.
Quatro desses rapazes abusados teriam de ser submetidos a uma cirurgia, mas apenas um aceitou ir ao hospital. Os outros tiveram receio de represálias ou não suportaram a vergonha. O Independent confirmou a informação dos voluntários junto do General Medical Council, um organismo regulador equivalente à Ordem dos Médicos.
A Europol tem vindo a alertar para o drama das crianças que viajam sozinhas. Em janeiro, a Europol avançou que pelo menos dez mil crianças refugiadas desapareceram depois de pisar solo europeu. Em Itália contavam-se cinco mil desaparecidos, enquanto na Suécia eram mil. Receia-se que os desaparecidos tenham sido desviados para redes organizadas de tráfico.
“Estejam registados ou não, estamos a falar de 270 mil crianças. Nem todos estão desacompanhadas, mas também temos provas de que uma grande quantidade estará”, disse na altura ao Guardian Brian Donald, da Save the Children.
O artigo do Independent dá conta ainda da insatisfação dos voluntários face à inércia do Governo francês, que recusa classificar o campo de refugiados de Calais como uma crise humanitária. Têm sido vários os relatos e vídeos a dar conta da realidade desumana que se vive naquele local. O Observador esteve lá e numa reportagem publicada em fevereiro resumiu assim a coisa: “A 290 km de Paris, 230 km de Bruxelas, a menos de uma hora de Londres, milhares de pessoas sobrevivem num gigantesco bairro de lata que as autoridades querem demolir. Salvar as crianças sozinhas é urgente.”
Também Banksy, o famoso artista urbano, voltou a pintar em janeiro para criticar a selva de Calais. O artista desenhou uma menina a chorar, com o fumo de uma granada a envolvê-la, com a bandeira francesa como pano de fundo. A ilustração pretendia representar a realidade de Calais, onde se vão amontoando refugiados em condições deploráveis.