Marques Mendes considera que Maria Luís Albuquerque cometeu um erro grave ao aceitar trabalhar na Arrow Global. No habitual espaço de comentário de domingo na SIC, o ex-presidente do PSD acusou ainda João Soares, o novo ministro da Cultura, de clientelismo, devido ao episódio da exoneração do presidente do Centro Cultural de Belém.

“Não fica bem”, disse sobre Maria Luís Albuquerque, que aceitou o cargo de diretora não-executiva na Arrow Global, uma financeira londrina que tem como clientes o Santander, o Banif e o BCP, por exemplo. “Foi um erro de palmatória. Vai afetá-la, a nível pessoal e político. Do ponto de vista legal, aparentemente não há nada que impeça. Pode, mas não deve, do ponto de vista da ética política.”

E continuou: “No espírito da lei, estamos na fronteira. Porque esta empresa, ao que parece, comprou dívida ao Banif, quando o Banif era propriedade do Estado. Maria Luís Albuquerque fez sempre um discurso muito moralista, de moralização, de o país viver acima das possibilidades, da necessidade de fazer sacrifícios… Quem tem um discurso desta natureza, não pode, pouco tempo depois, ter uma decisão destas. Não se deu ao respeito, perde o respeito.”

O social-democrata considera que a contratação da ex-ministra das Finanças não se deve ao facto de ser uma cidadã exemplar, mas sim porque “foi secretária de Estado do Tesouro e ministra das Finanças”. Ou seja, “aos olhos da empresa pode ter informação privilegiada”.

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Marques Mendes considera que deverá haver um “período de nojo” e censura o facto de Maria Luís manter o seu cargo como deputada. “Sai do ministério das Finanças, aceita este cargo e mantém-se no cargo de deputada. Se saísse de deputada primeiro, e mais tarde aceitasse, a questão ainda se poderia eventualmente tolerar”, considerou. “É um enorme tiro no pé.”

“É, com certeza, uma questão de clientelismo”

O comentador censurou ainda a postura de João Soares relativamente à exoneração do presidente do CCB, António Lamas. “Independentemente do ministro da Cultura gostar ou não gostar do presidente do CCB, gostar ou não das ideias e maneira de ser, a forma como tratou a questão na praça pública é humilhar a pessoa. Foi um ato de grosseria, de arrogância”, acusa. “É, com certeza, uma questão de clientelismo.”

João Soares, após ultimato a António Lamas, que culminaria no despedimento do mesmo, nomeou Elísio Summavielle, um adjunto, para presidente do Centro Cultural de Belém. O ministro considerou o plano estratégico de recuperação da zona Belém-Ajuda de Lamas, inspirado pelo que este fez em Sintra, “um disparate total”.