Chama-se RCEA (Route Centre-Europe Atlantique ou Estrada Centro Europa Atlântico). Já era conhecida como a “Estrada da Morte” ou “Estrada da Vergonha” antes do acidente de quinta-feira à noite que provocou a morte a 12 portugueses. Não se trata propriamente de uma estrada, mas sim de um itinerário composto por um conjunto de estradas, algumas vias nacionais como a N79, onde aconteceu o desastre, perto da cidade de Moulins.
A RCEA tem duas vezes mais acidentes que qualquer outra estrada com o mesmo perfil em França, um fenómeno para o qual contribuirá o facto de ser grátis. O percurso oferece uma razoável fluidez do trânsito, não atravessa nenhum aglomerado importante e o traçado evita o maciço dos Alpes franceses. A velocidade máxima é de 90 km por hora e o trajeto é descrito como “monótono” para os condutores. Uma das hipóteses apontadas como estando na origem do desastre é a de que o jovem português que conduzia a carrinha possa ter adormecido.
A sequência de vias com duas faixas que passam a uma faixa e um elevado tráfego de pesados, são fatores que aumentam o risco das ultrapassagens. Na zona em que ocorreu o desastre que vitimou 12 portugueses, há apenas quatro oportunidades para ultrapassar. Muito tráfego nacional, mas também internacional uma vez que a via é uma das portas de entrada na Alemanha, Itália e Suíça, contribuem para fazer desta ligação uma das mais concorridas e perigosas da Europa central.
Apesar da má fama, a RCEA é uma via muito popular, tanto para camiões, como para automobilistas em férias. O sinistro com os portugueses resultou da colisão de uma carrinha com pessoas que trabalhavam na Suíça e vinham passar a Páscoa a Portugal. O acidente encaixa-se no padrão da maioria dos sinistros graves registados nesta estrada e que resultam de choques frontais entre veículos ligeiros e pesados. O camião envolvido no desastre era conduzido por dois italianos, mas esta rota é também muito procurada por condutores de pesados portugueses que seguem para a Suíça e para a Alemanha.
As autoridades francesas já colocaram em marcha várias medidas para reforçar a segurança na “Estrada da Morte”. Em 2010 foram anunciadas medidas de urgência para tornar a RCEA que previam a instalação de dois radares fixos e uma sinalização específica. Em 2012, foram efetuados mais trabalhos para reduzir os riscos desta via que atravessa a França. Para este ano, estavam anunciados investimentos de 100 milhões de euros para melhorar as condições nos troços mais perigosos, mas a estrada nacional 79 onde ocorreu o desastre ficou de fora da experiência piloto que reduziu o limite máximo de velocidade para 80 KM por hora.
Para quem conduz na RCEA, a melhor resposta aos perigos da “Estrada de Morta” seria passar todo o percurso para quatro faixas, duas em cada sentido. O alargamento chegou a ser anunciado para estar concluído até 2017.