Os atentados em Bruxelas, que no passado dia 22 de março vitimaram um total de 32 pessoas, não passaram despercebidos ao Charlie Hebdo. Prova disso é a sua nova capa: “Papá, onde estás?” é a frase que desliza da boca do conhecido músico belga Stromae, que surge sobre um fundo com a bandeira belga desenhada; a acompanhá-lo estão pernas e braços mutilados que, por sua vez, respondem “Aqui”, “Também aqui” e “e aqui”.
A capa, que chegou esta quarta-feira, dia 30 de março, às bancas, apresenta ainda a legenda “Bélgica, desorientada”, que, explica o espanhol El Mundo, joga com a letra de uma canção que Stromae dedicou ao pai, desaparecido aquando do genocídio de Ruanda, em 1994. A polémica está, como de costume, instalada, com diferentes opiniões a serem expressadas através das redes sociais.
@Flaming0Turtle je les comprends pas, on dirait qu'ils savaient pas ce qui a causé les attentats de Charlie hebdo
— Neeroc (@Corentin_Leleu) March 30, 2016
(“Eu não entendo, eles parecem não saber o que causou os ataques ao Charlie Hebdo.”)
On se dit tous Charlie pour défendre la liberté d'expression et on s'en va blâmer le nouveau numéro de Charlie Hebdo
— True love (@CalvinLotteau) March 30, 2016
(“Dizemos todos que somos todos Charlie para defender a liberdade de expressão e [depois] culpamos a nova edição do Charlie Hebdo.”)
O jornal satírico francês, vítima de um ataque perpetrado por jihadistas em janeiro de 2015, do qual resultaram 12 vítimas mortais, parece continuar a investir nas suas caricaturas irreverentes, indiferente aos acontecimentos do passado.
#CharlieHebdo Welcome to the migrants, so close to the goal…promotional offer: kids menu 2 for the price of 1" pic.twitter.com/LjqTUnBVAZ
— Abu Huthaifa (@islamaideology) September 12, 2015
Em setembro do ano passado o jornal publicava duas capas polémicas a retratar a morte do pequeno Aylan Kurdi, a criança síria que apareceu morta numa praia na Turquia depois de se ter afogado, e já no início deste ano pegava nos abusos sexuais na cidade alemã de Colónia, e novamente na morte de Aylan Jurdi, para criar outro cartoon que fez dividir opiniões.