A primeira edição do Charlie Hebdo, uma semana após o ataque terrorista que vitimou 12 pessoas, tinha no centro da capa um Maomé de lágrima no canto do olho, a segurar um cartaz onde se lia “Je suis Charlie”. Mas isso é coisa do passado. Numa recente entrevista, o editor da revista francesa admitiu que não vai voltar a publicar desenhos satíricos do profeta, argumentando que a publicação cumpriu o objetivo de defender o seu direito à caricatura.
“Temos desenhado o Maomé para defender o princípio de que se pode desenhar o que se quiser”, disse Laurent Sourisseau numa entrevista à revista alemã Stern, realizada esta semana, onde recordou o trágico ataque ocorrido a 7 de janeiro.
“É estranho: esperam que exerçamos uma liberdade de expressão que ninguém se atreve a exercer”, continuou, citado pelo El País. O editor, também conhecido por “Riss”, disse que não era intenção da publicação ser “possuída” pela crítica ao Islão, uma vez que os erros associados ao Islão “podem ser encontrados noutras religiões”.
Recorde-se que uma semana depois do ataque perpetrado pelos dois homens que assassinaram 12 pessoas (incluindo os principais jornalistas e cartoonistas do jornal), o advogado do Charlie Hebdo, Richard Malka, disse: “Nunca vamos ceder, senão nada disto faria sentido”.
E à data da primeira publicação pós-atentado, lia-se no site oficial do Charlie Hebdo três das razões que levaram os sobreviventes a preparar a edição que teve oito milhões de exemplares e que correu o mundo: “Porque o lápis estará sempre acima da barbárie…; Porque a liberdade é um direito universal…; Porque vocês nos apoiam…”.