O Tesouro português emitiu 1.100 milhões de euros em dívida de curto prazo esta quarta-feira, voltando a financiar-se a uma taxa de juro abaixo de zero no prazo mais curto (três meses). No leilão duplo de bilhetes do Tesouro sentiu-se o efeito positivo das novas medidas de estímulo monetário por parte do BCE, designadamente a redução da taxa dos depósitos para um valor ainda mais negativo (-0,4%).

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), liderada por Cristina Casalinho, emitiu 300 milhões de euros em dívida a três meses (com uma custo implícito de -0,004%). Não foi a primeira vez que a dívida foi emitida a juros negativos, sobretudo num prazo tão curto, mas no último leilão comparável isso tinha deixado de acontecer — a taxa foi, em meados de fevereiro, de 0,008%.

Foram, também, emitidos títulos com vencimento daqui a cerca de 11 meses que darão aos investidores uma rentabilidade de 0,037%. Também aqui houve uma melhoria, já que o resultado compara com os 0,1% pagos no leilão anterior.

Em ambos os leilões, a procura pelos títulos superou os montantes colocados em proporções semelhantes aos leilões anteriores.

O pagamento de juros negativos em dívida de curto prazo é um fenómeno que está a verificar-se há largos meses em vários países da zona euro. Espanha, por exemplo, está com juros de -0,27% a três meses e paga juros negativos até em prazos mais longos, como 12 meses: -0,076%.

“Os planos de estímulo do BCE, em particular a compra de dívida soberana, continua a beneficiar largamente o preço a que Portugal se endivida”, comenta Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa. “Apesar de estarem a níveis muito baixos, admito que as taxas baixas se mantenham por mais algum tempo”,

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